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Investing.com – Apesar da pressão exercida pelo presidente Donald Trump por cortes na taxa básica, o relatório de empregos divulgado nesta sexta-feira reforça a percepção de que o mercado de trabalho segue resiliente, o que leva economistas a projetarem que o Federal Reserve e seu presidente, Jerome Powell, devem manter a atual pausa monetária, ao menos por ora.
O relatório de folha de pagamento não agrícola (payroll) apontou a criação de 139 mil empregos em maio, superando a estimativa de consenso de 126 mil. A taxa de desemprego permaneceu em 4,2%, sustentada por uma redução na taxa de participação da força de trabalho, que caiu para 62,4%. Os maiores avanços vieram dos setores de saúde e lazer e hospitalidade, enquanto outros segmentos registraram variações marginais. Os salários médios avançaram 0,4% no mês. Por outro lado, a pesquisa domiciliar apontou a eliminação de 696 mil vagas, e os números de março e abril foram revisados para baixo, totalizando uma correção negativa de 95 mil postos.
O resultado desta sexta-feira veio na esteira de indicadores mistos do mercado de trabalho apresentados ao longo da semana. As vagas abertas aumentaram para 7,4 milhões em abril, ante 7,2 milhões em março, ao passo que os pedidos semanais de seguro-desemprego subiram para 247 mil na semana encerrada em 31 de maio, patamar próximo ao topo da faixa observada nos últimos 12 meses.
Para Brian Rose, economista sênior da UBS Wealth Management nos EUA, o conjunto de dados é ambíguo, mas insuficiente para justificar uma mudança de postura do Fed neste momento. Ele acredita que a autoridade monetária manterá os juros estáveis até setembro.
"Na nossa avaliação, o mercado de trabalho ainda não apresenta o tipo de enfraquecimento que levaria o Fed a considerar cortes na reunião de junho", afirmou Rose. "Nossa expectativa é de que o desaquecimento se intensifique no segundo semestre de 2025, à medida que tarifas e outras medidas políticas passem a ter impacto mais pronunciado sobre a atividade, abrindo espaço para cortes a partir de setembro."
Gilles Moëc, economista-chefe da Axa Investment Managers, compartilha visão semelhante e avalia que o atual nível de emprego ainda é elevado demais para induzir uma mudança de rumo na política monetária.
"Em resumo, apesar de alguns sinais negativos, o relatório de hoje não traz elementos suficientes para afastar o Fed da sua postura de cautela. A dinâmica salarial segue firme, o que reforça a necessidade de evidências mais contundentes de desaceleração para uma eventual reavaliação", explicou Moëc. "Com os riscos inflacionários ainda presentes, qualquer ajuste dependerá de uma deterioração mais concreta nos dados."
David Doyle, chefe de economia da Macquarie, também classificou o relatório como misto. Ele destacou que o rendimento dos Treasuries de 10 anos subiu após a divulgação, enquanto as apostas do mercado para cortes de juros em 2025 recuaram de 54 para 45 pontos-base, refletindo menor percepção de fragilidade econômica frente aos dados anteriores.
"Olhando à frente, projetamos um mercado de trabalho com mais obstáculos, embora sem degradação abrupta", avaliou Doyle. "Um fator que pode mitigar a pressão sobre o desemprego é o crescimento limitado da força de trabalho, em função da menor imigração e do número elevado de aposentadorias."