Por Elizabeth Piper e William James
LONDRES (Reuters) - A Rússia interferiu no referendo que a Escócia realizou em 2014, e o governo britânico não pediu uma avaliação aprofundada sobre uma possível interferência orientada pelo Kremlin na votação da separação do Reino Unido da União Europeia, disse o comitê de inteligência e segurança do Parlamento do país.
"Surgiram comentários de código aberto críveis dando a entender que a Rússia realizou campanhas de influência em relação ao referendo escocês de independência em 2014", disse o relatório, que foi finalizado em março de 2019, mas ficou guardado até esta terça-feira.
Ele diz que existem fontes de código aberto segundo as quais a Rússia tentou influenciar a campanha do Brexit, mas que o governo britânico não procurou indícios profundos de intromissão.
O relatório retrata a Rússia como uma potência hostil que representa uma ameaça considerável para o Reino Unido e o Ocidente em várias frentes, da espionagem e da cibernética à interferência eleitoral e à lavagem de dinheiro.
"Parece que a Rússia considera o Reino Unido um de seus principais alvos ocidentais de inteligência", disse o relatório.
O documento, que foi vazado pelo site Guido Fawkes antes de sua data de publicação, disse que o governo britânico não investigou com profundidade suficiente a possível intromissão russa no referendo do Brexit de 2016.
O Kremlin disse que a Rússia nunca interveio nos processos eleitorais de outro país. A Rússia negou diversas vezes qualquer intromissão no Ocidente, afirmando que os Estados Unidos e o Reino Unido sofrem de uma histeria anti-Rússia.
O relatório parlamentar tem muitos trechos em que trata do referendo do Brexit censurados, e existe um anexo confidencial que não foi publicado, mas os parlamentares pediram uma investigação adequada.
"Em resposta à nossa solicitação de indícios escritos no início do inquérito, inicialmente o MI5 (agência de segurança e contrainteligência) só forneceu seis linhas de texto. Ele afirma que *, antes de se referir a estudos acadêmicos", disse a versão editada.
"É, todavia, a opinião do comitê que a comunidade de inteligência britânica deveria produzir uma avaliação análoga de uma interferência russa em potencial no referendo da UE e que um sumário não confidencial dela seja publicado", disse o relatório.
O comitê retrata a Rússia como uma fonte de dinheiro corrupto que foi bem recebido em Londres, a principal capital financeira do mundo.
"O Reino Unido tem sido visto como um destino particularmente favorável para oligarcas russos e seu dinheiro."
(Por Guy Faulconbridge, Liz Piper, William James)