Por Andrew Osborn e Maria Kiselyova
MOSCOU (Reuters) - A Rússia disse a uma agência que monitora uma proibição de testes nucleares que um acidente durante um teste militar no norte do país neste mês não é de sua conta e que entregar-lhe quaisquer dados sobre radiação é voluntário, relatou a agência de notícias Interfax nesta terça-feira.
Sediada em Viena, a Organização do Tratado Abrangente de Proibição a Testes Nucleares (CTBTO, na sigla inglês) disse na segunda-feira que suas duas instalações de monitoramento russas mais próximas do local de uma explosão misteriosa se desconectaram dois dias após a detonação, seguidas por outras duas, provocando temores de uma possível adulteração da Rússia.
Nesta terça-feira, a CTBTO disse que os sensores de partículas radioativas de ao menos uma das quatro estações de monitoramento russas em questão voltaram a transmitir.
A agência estatal nuclear Rosatom admitiu que cinco de seus funcionários morreram na explosão de 8 de agosto, que ocorreu durante um teste de foguete perto do Mar Branco, no extremo norte da Rússia. Também se relatou a morte de dois militares russos.
Surgiram informações contraditórias sobre as consequências do acidente. Inicialmente, o Ministério da Defesa russo disse que a radiação de fundo permaneceu normal após o incidente, mas a agência meteorológica estatal da Rússia disse que os níveis de radiação na cidade vizinha de Severodvinsk aumentaram até 16 vezes.
O vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, disse nesta terça-feira que o acidente não é assunto da CTBTO, a primeira a relatar que as estações de monitoramento de radiação ficaram mudas, de acordo com a Interfax.
"É essencial lembrar que entregar dados de nossas estações nacionais, que são parte do sistema internacional de monitoramento, é inteiramente voluntário para qualquer país", disse Ryabkov, conforme citação da Interfax.
A autoridade da CTBTO só cobre o Tratado Abrangente de Proibição a Testes Nucleares ou moratórias nacionais de testes, acrescentou Ryabkov. O tratado foi adotado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas em 1996, mas ainda não entrou em vigor porque alguns países ou não o assinaram ou não o ratificaram.
O acidente de 8 de agosto "não deveria ter nenhuma conexão" com as atividades da CTBTO, disse Ryabkov, acrescentando que a autoridade da agência não contempla o desenvolvimento de armas.
"Explicações minuciosas sobre o que aconteceu e quais foram as consequências foram dadas às estruturas relevantes", segundo Ryabkov, e o acidente misterioso não causou riscos nem ao meio ambiente, nem às pessoas.