MOSCOU (Reuters) - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, grupo de grandes economias emergentes conhecido como Brics, apoiam a ideia de desenvolver um sistema de pagamento comum, disse uma autoridade russa nesta quinta-feira.
A Rússia e seus parceiros do Brics vêm estudando maneiras de diminuir sua dependência do dólar norte-americano e defendendo o uso de suas moedas nacionais no comércio mútuo.
Kirill Dmitriev, chefe do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), disse que "riscos não-mercadológicos crescentes da infraestrutura global de pagamentos" justificam o plano de integrar os sistemas nacionais de pagamento do grupo.
"Um sistema de pagamento eficiente para os Brics pode incentivar pagamentos com moedas nacionais e garantir pagamentos e investimentos sustentáveis entre nossos países, que representam mais de 20% do influxo global de investimento estrangeiro direto", disse Dmitriev, membro do Conselho Empresarial dos Brics, a repórteres.
Ele não deu detalhes sobre o sistema de pagamento em estudo, mas a Rússia começou a desenvolver um sistema nacional de pagamento como uma alternativa ao serviço de mensagens financeiras Swift sediado na Bélgica em 2014, uma reação às sanções ocidentais impostas a Moscou.
As sanções ocidentais e norte-americanas visam punir a Rússia pela anexação da Crimeia e por seu papel na crise ucraniana.
Dmitriev disse que as cinco nações dos Brics também debateram a criação de uma criptomoeda comum para pagamentos mútuos, já que o grupo está diminuindo a fatia de pagamentos em dólar norte-americano.
A fatia de dólares nos pagamentos de comércio exterior da Rússia caiu de 92% para 50% nos últimos anos, enquanto a fatia do rublo subiu de 3% para 14%, afirmou.
Dmitriev não disse se a Rússia apoia a ideia de uma criptomoeda comum para os Brics. Autoridades russas já haviam se pronunciado contra qualquer criptomoeda, alertando que elas podem ser usadas na lavagem de dinheiro ou para financiar o terrorismo.
O Conselho Empresarial dos Brics também endossou a iniciativa, apoiada pela Rússia, de criar centros de coordenação para investimentos mútuos dentro do bloco dos Brics, segundo Dmitriev.