Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - A Rússia alertou as forças da milícia curda YPG, nesta quarta-feira, que elas enfrentarão um conflito armado com a Turquia se não cumprirem um acordo russo-turco que contempla sua retirada de toda a extensão da fronteira nordeste da Síria com a Turquia.
O aviso da Rússia foi feito pouco antes de forças de segurança russas e sírias começarem a supervisionar a retirada programada de combatentes e armas da YPG de ao menos 30 quilômetros do território sírio, como parte do acordo firmado pelos presidentes Vladimir Putin e Tayyip Erdogan.
Um recuo total da YPG seria uma vitória para Erdogan, que lançou uma ofensiva fronteiriça no dia 9 de outubro para repelir a milícia curda da divisa e criar uma "zona segura" para o retorno de refugiados sírios.
O acordo, que amplia um pacto mediado pelos Estados Unidos na semana passada, também enfatiza a influência decisiva de Putin na Síria e sela a volta das forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, do qual é aliado, ao nordeste da Síria pela primeira vez em anos, endossando a mobilização de guardas de fronteira sírios a partir do meio-dia local desta quarta-feira.
Seis dias mais tarde, forças russas e turcas iniciarão uma patrulha conjunta em 10 quilômetros de terra no nordeste sírio onde tropas dos EUA passaram anos atuando ao lado de seus ex-aliados curdos.
Estas alterações refletem o ritmo estonteante das mudanças na Síria desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a retirada de seus soldados do norte sírio no início deste mês, abalando o equilíbrio militar em um quarto do país após oito anos de conflito.
Os comandantes da milícia curda ainda não reagiram ao acordo fechado na estância russa de Sochi, no Mar Negro, e não ficou claro de imediato como sua retirada pode ser efetivada.
Um comunicado conjunto da Turquia e da Rússia, emitido após seis horas de conversa entre Putin e Erdogan, disse que os dois países estabelecerão um "mecanismo conjunto de monitoramento e verificação" para supervisionar a implantação do acordo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi mais incisivo. Se as forças curdas não recuarem, guardas de fronteira sírios e policiais militares russos terão que se retirar. "E as formações curdas remanescentes sentiriam o peso do Exército turco", disse.
Em uma cutucada em Washington, que questionou como o acordo será garantido, Peskov disse que os EUA foram os aliados mais próximos dos combatentes curdos, mas que agora os traíram.