BRASÍLIA (Reuters) - A ativista Sara Winter e outros cinco integrantes do grupo 300 pelo Brasil, liderado por ela e que apoia o presidente Jair Bolsonaro, foram presos temporariamente nesta segunda-feira no âmbito de um inquérito que investiga a organização de atos antidemocráticos que pedem uma intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional.
Em nota, que não cita os nomes dos presos, a Procuradoria-Geral da República informou que a prisão temporária foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. A prisão de Sara Winter foi confirmada à Reuters por duas fontes com conhecimento do assunto.
"Os pedidos de prisão foram apresentados na sexta-feira a partir de indícios obtidos pelo MPF de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, objeto do Inquérito 4.828. O objetivo das prisões temporárias é ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso", disse a PGR na nota. O inquérito corre sob sigilo.
"O pedido de abertura do inquérito dos atos antidemocráticos foi feito em 20 de abril pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, com a finalidade de apurar fatos em tese delituosos envolvendo a organização de manifestações contra o regime da democracia participativa brasileira, por vários cidadãos, inclusive deputados federais, o que justificou a competência do STF", acrescentou a PGR.
Na noite de sábado, o grupo liderado por Sara Winter, que tem inspiração militar, lançou fogos de artifício contra o prédio do STF em Brasília. Imagens do ataque foram divulgadas em redes sociais, e o episódio foi criticado pelo presidente da corte, Dias Toffoli. Aras atendeu pedido de Toffoli e abriu procedimento para investigar o caso. O episódio, no entanto, não tem relação com as prisões feitas nesta segunda pois, como afirma a PGR, os pedidos de detenção foram feitos na sexta-feira.
Sara Winter já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão no âmbito do inquérito aberto por iniciativa do Supremo e que investiga a elaboração e disseminação de fake news e ataques e ameaças contra ministros da corte.
Bolsonaro participou de algumas das manifestações com cartazes contra o STF e o Congresso, investigadas pelo Supremo, e chegou a discursar em uma delas que foi realizada em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
(Por Redação Brasília, com reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo; Edição Maria Pia Palermo)