Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou neste sábado, em live promovida pelo BTG Pactual (SA:BPAC11) Digital, que estimativa do Ministério da Economia para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país neste ano, em 0,02%, pode estar defasada.
A nova estimativa havia sido apresentada pela equipe econômica no dia 20 deste mês, levando em consideração a deterioração das expectativas mediante a propagação do coronavírus ao redor do mundo, impactando os diferentes setores da economia mundial. Antes, a pasta calculava um avanço da economia doméstica em 2,1% neste ano.
"A questão do PIB está muito difícil estimar. Essa projeção de crescimento de 0% é uma projeção de duas semanas atrás, que está muito em linha com o que estava o mercado há duas, três semanas atrás. Essas projeções estão rodando toda semana, e toda semana ela muda. Então, possivelmente, em uma nova projeção, o PIB pode vir negativo, como está vindo de muitas instituições", afirmou Mansueto.
De acordo com o secretário, o atual cenário econômico é "muito incerto", em razão do "shutdown" aplicado ao setor de serviços, situação a qual não é recuperada posteriormente, afetando o crescimento econômico.
No entanto, ele ponderou que, a despeito de haver uma eventual estagnação do PIB ou contração neste ano, não haverá alteração da rota, no que diz respeito ao ajuste fiscal. "O que não pode é você criar despesa permanente que afeta a trajetória de gasto no próximo ano."
Na quarta-feira, a agência de classificação de risco Moody's reduziu a estimativa para o PIB do Brasil neste ano, passando a ver contração de 1,6%.
O secretário do Tesouro também informou que, em decorrência dos anúncios de medidas pelo governo federal para amenizar os efeitos da propagação do coronavírus no país, projeta-se um déficit primário, neste ano, "perto de 4% do PIB, entre 3% e 4% do PIB". Segundo ele, esse percentual pode, eventualmente, ser maior.
"A gente tem que encarar essa situação e fazer reformas estruturais e retomar o ajuste fiscal no próximo ano."
Entretanto, Mansueto alertou que o país não pode "exagerar na dosagem do remédio neste ano", o que levaria a um comprometimento nas contas públicas ao longo dos próximos anos.