A agência de classificação de risco S&P manteve a nota de crédito global de Alagoas em BB-, mas rebaixou a perspectiva do rating de neutra para negativa, argumentando que se os déficits fiscais do governo continuarem, pode haver risco de um nível estruturalmente menor de poupança para cobrir o serviço da dívida. A nota de crédito em escala nacional foi mantida em brAA+.
"A perspectiva negativa reflete o risco de que a continuidade de níveis elevados de gastos levará a níveis estruturalmente menores de caixa ou a um aumento notável nos encargos da dívida. Quatro anos de elevados gastos com bens de capital, juntamente com uma decisão judicial que obrigou o Estado a transferir boa parte dos recursos em 2024, reduziram significativamente a disponibilidade de caixa livre", disse a S&P.
A decisão a que a S&P se refere forçou o governo de Alagoas a compartilhar com os municípios do Estado recursos da concessão de água e esgoto da região metropolitana de Maceió, ocorrida em 2020. Foram transferidos R$ 900 milhões no ano passado, reduzindo o caixa livre para aproximadamente R$ 650 milhões, segundo a S&P.
"Como resultado, o caixa mais o fluxo de caixa operacional devem cobrir cerca de 85% do serviço da dívida nos próximos 12 meses", acrescentou.
A agência de classificação de risco disse que pode rebaixar a nota de crédito de Alagoas nos próximos 12 meses se a deterioração fiscal impedir a recuperação do caixa do Estado, ou se os investimentos elevados se traduzirem em um aumento mais pronunciado nos encargos da dívida - em outras palavras, se os pagamentos de juros superarem 5% da receita operacional. Por outro lado, a perspectiva do rating de Alagoas pode voltar a ser neutra se o Estado recuperar o caixa por meio de medidas que melhorem o resultado fiscal.