ISLAMABAD (Reuters) - A Suprema Corte do Paquistão decidiu nesta quinta-feira que a prisão do ex-premiê Imran Khan é ilegal, disse seu advogado, dois dias depois da detenção do político por acusações de corrupção, que desencadeou protestos letais e uma disputa com os militares.
"A Suprema Corte reverteu todos os procedimentos legais contra Imran Khan... ele foi convidado a se apresentar no Supremo Tribunal de Islamabad na manhã de sexta-feira", disse o advogado Babar Awan a repórteres.
Awan acrescentou que a Suprema Corte decidiu que Khan está agora sob sua custódia e não sob a agência anticorrupção. Khan passaria a noite na mesma casa de hóspedes da polícia de antes, mas teria permissão para encontrar um número limitado de amigos e familiares.
Não ficou imediatamente claro quando ele teria permissão para voltar para casa.
Khan, de 70 anos, um herói do críquete que se tornou político, negou qualquer irregularidade.
A violência desencadeada por sua prisão agravou a instabilidade no país de 220 milhões de habitantes que enfrenta uma grave crise econômica, corroendo as esperanças de uma rápida retomada do resgate do FMI.
Quase 2.000 pessoas foram presas e pelo menos cinco mortas depois que os partidários de Khan entraram em confronto com a polícia, atacaram estabelecimentos militares e incendiaram outros prédios e ativos estatais, levando o governo a chamar o Exército para ajudar a restaurar a ordem.
Imagens nesta quinta-feira mostraram Khan caminhando em direção à Suprema Corte vestido com um tradicional salwar azul e usando óculos escuros. Na terça-feira, ele foi preso por policiais paramilitares fortemente armados nas dependências do Supremo Tribunal de Islamabad, enfiado em um carro blindado e levado embora.
A emissora Geo TV informou que Khan foi levado ao Supremo Tribunal sob forte segurança em uma carreata de quase uma dúzia de veículos liderados por um alto oficial da polícia.
O caso de corrupção é um dos mais de 100 registrados contra Khan desde sua deposição após quatro anos no poder. Na maioria dos casos, Khan pode ser impedido de ocupar cargos públicos se for condenado, com uma eleição nacional marcada para novembro.
(Reportagem de Gibran Naiyyar Peshiman e Asif Shahzad em Islamabad, Ariba Shahid em Carachi, Mubasher Bukhari em Lahore ande Gul Yousafzai em Quetta)