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Taxas futuras de juros sobem no Brasil em reação a avanço de yields dos Treasuries longos

Publicado 19.10.2023, 17:26
© Reuters

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos de DIs fecharam a quinta-feira em alta firme no Brasil, em especial entre os vencimentos mais longos, reagindo ao avanço dos rendimentos dos Treasuries de longo prazo, em movimento que, na visão do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, pode indicar que há menos necessidade de elevação de juros nos Estados Unidos.

Os juros futuros subiam já durante a manhã, em sintonia com a alta dos yields dos Treasuries -- o título norte-americano de 10 anos chegou a marcar a máxima de 16 anos, para depois perder um pouco do fôlego. A expectativa tanto no Brasil quanto no exterior girava em torno da fala de Powell em evento nos EUA, marcada para o início da tarde.

Em pronunciamento ao Clube Econômico de Nova York, Powell afirmou que a recente alta nos rendimentos dos títulos norte-americanos de longo prazo está tornando as condições financeiras mais restritivas, como o Fed deseja, e pode "na margem" significar que há menos necessidade de aumentar ainda mais os juros.

"Isso (alta dos rendimentos dos Treasuries) não parece se tratar principalmente de expectativas de que façamos mais", disse.

Com os comentários de Powell nas telas dos operadores, os yields de 2 anos cederam, mas os rendimentos dos Treasuries voltaram a acelerar na ponta longa, o que também deu mais força às taxas futuras no Brasil.

A taxa do Depósitos Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2028, que antes de Powell avançava cerca de 10 pontos-base, passou a subir mais que o dobro após a fala do chair do Fed.

“Depois da fala do Powell, os juros de 2 anos dos títulos norte-americanos estão caindo, mas os de 5 e 10 anos estão subindo. A visão é de que a própria economia está se acertando com a alta dos Treasuries. Eles (os mercados) estão fazendo o serviço sujo (de alta de juros)”, comentou Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance.

A abertura da curva a termo brasileira nesta quinta-feira, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries, reflete um fenômeno que vem sendo citado pelas próprias autoridades do Banco Central nas últimas semanas. Desde agosto, o avanço dos títulos norte-americanos tem impulsionado os juros futuros também no Brasil.

Em evento na quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que “todos os olhos” estão voltados para a precificação da curva de juros norte-americana. Para ele, a grande pergunta é se parte da elevação das taxas dos títulos se deve também às preocupações com a área fiscal dos EUA -- e não apenas à perspectiva de juros mais elevados no futuro.

Nesta quinta-feira, Campos Neto voltou a abordar a questão dos Treasuries e disse que a elevação dos yields drena a liquidez do mundo emergente. No limite, isso têm implicações para o câmbio e para a própria política monetária.

Apesar das incertezas em relação à economia dos EUA, a precificação na curva a termo brasileira para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em novembro, pouco mudou nesta quinta-feira.

Perto do fechamento a curva a termo precificava em 97% as chances de o corte da taxa básica Selic em novembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual eram precificadas em 3%.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,18%, ante 11,078% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,16%, ante 10,964% do ajuste anterior.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,33%, ante 11,125%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,555%, ante 11,35%.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries mais longos seguiam em alta no fim da tarde.

Às 16:54 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 7,90 pontos-base, a 4,9813%.

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