Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a segunda-feira próximas da estabilidade, em um dia em que os rendimentos dos Treasuries se mantiveram em alta durante a maior parte da sessão e com investidores se posicionando antes da divulgação de dados econômicos importantes nos EUA durante a semana.
Referência global para decisões de investimento, o Treasury de dez anos registrou alta dos vencimentos durante boa parte da sessão desta segunda-feira, o que também deu certa sustentação às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil.
A curva a termo brasileira também passou por certa correção de alta após o otimismo verificado nos últimos dias. Das cinco sessões da semana passada, as taxas haviam cedido em três delas, subido em uma e ficado estáveis em outra.
“Vejo uma ‘ressaquinha’ hoje (segunda-feira). Os próximos dias vão ser pesados, logo há certa correção, porque os últimos dias foram positivos – voláteis, mas positivos”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
“Há certa tensão no ar antes da divulgação de dados nos EUA e da (votação da) LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) no Brasil. Então, até diante da alta dos yields lá fora, o mercado fica avesso ao risco”, acrescentou Spiess no meio da tarde.
A agenda da semana prevê a divulgação de números importantes como o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA na terça-feira e o índice de preços ao produtor (PPI) norte-americano na quarta-feira, além da produção industrial e das vendas no varejo da China, também na quarta. A produção industrial dos EUA sai na quinta-feira.
A agenda carregada de indicadores no exterior pegará o mercado brasileiro fechado na quarta-feira, no feriado da Proclamação da República, o que eleva a cautela dos investidores.
Durante a tarde, porém, os rendimentos dos Treasuries de dez anos chegaram a migrar para o negativo, o que também tirou a força dos rendimentos dos DIs no Brasil.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,725%, ante 10,738% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,495%, ante 10,499% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,635%, ante 10,619%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,84%, igual ao ajuste anterior. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,19%, ante 11,178%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava em 93% as chances de o corte da taxa básica Selic em dezembro ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o Banco Central. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual eram precificadas em 7%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 0,40 ponto-base, a 4,632%.
Pela manhã, o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, informou que a mediana das projeções do mercado para a inflação em 2023 passou de 4,63% para 4,59%. No caso de 2024, foi de 3,91% para 3,92%. O mercado projeta ainda uma Selic de 11,75% no fim deste ano e de 9,25% no fim do ano que vem.