Por Jeff Mason e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou duramente as práticas comerciais da China nesta terça-feira em um discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), dizendo que não aceitará um "acordo ruim" nas negociações comerciais entre EUA e China.
Quatro dias após conversas inconclusas de negociadores norte-americanos e chineses em Washington, os comentários de Trump foram tudo menos conciliadores e enfatizaram a necessidade de corrigir abusos econômicos estruturais no centro da guerra comercial entre os dois países que já dura quase 15 meses.
Ele disse que Pequim não cumpriu as promessas que fez quando a China ingressou na Organização Mundial do Comércio em 2001 e que o país asiático estava realizando práticas predatórias que custaram milhões de empregos nos EUA e em outros países.
"A China não apenas se recusou a adotar as reformas prometidas, como abraçou um modelo econômico dependente de enormes barreiras de mercado, pesados subsídios estatais, manipulação cambial, dumping, transferências forçadas de tecnologia e roubo de propriedade intelectual e também de segredos comerciais em grande escala", afirmou Trump.
"No que diz respeito à América (EUA), esses dias acabaram."
Embora Trump tenha demonstrado esperança de que os EUA e a China ainda possam chegar a um acordo comercial, ele deixou claro que queria um acordo que reequilibrasse o relacionamento entre as duas superpotências econômicas.
"O povo norte-americano está absolutamente comprometido em restaurar o equilíbrio em nosso relacionamento com a China. Espero que possamos chegar a um acordo que seja benéfico para os dois países", disse Trump. "Como deixei bem claro, não aceitarei um acordo ruim."
Trump também disse recentemente que não estava interessado em um "acordo parcial" para aliviar as tensões com a China, dizendo que ele iria se apegar a um "acordo completo."
Pessoas familiarizadas com as negociações disseram que nenhuma nova proposta chinesa foi apresentada na semana passada, mas ambos os lados caracterizaram as negociações como "produtivas" e disseram que as negociações em nível ministerial ocorrerão em meados de outubro.
Em seu discurso na ONU, Trump também estabeleceu um vínculo entre a solução da disputa comercial entre EUA e China e o tratamento de Pequim a Hong Kong. Washington está "monitorando cuidadosamente a situação em Hong Kong", disse ele.
"O mundo espera plenamente que o governo chinês honre seu tratado vinculativo feito com os britânicos e registrado nas Nações Unidas, no qual a China se compromete a proteger a liberdade, o sistema jurídico e os modos de vida democráticos de Hong Kong", disse Trump. Hong Kong era uma colônia britânica até 1997.
"Como a China escolhe lidar com a situação dirá muito sobre seu papel no mundo no futuro. Todos estamos contando com o presidente Xi como um grande líder", acrescentou Trump.
(Por Jeff Mason e Steve Holland)