Por Babak Dehghanpisheh e Ahmed Aboulenein
DUBAI/BAGDÁ (Reuters) - Um tumulto na multidão deixou ao menos 56 mortos entre as dezenas de milhares de pessoas que tomaram as ruas da cidade natal de um comandante militar iraniano assassinado para acompanhar o funeral nesta terça-feira, o que forçou o adiamento do enterro por várias horas, informou a mídia estatal.
O enterro do general Qassem Soleimani começou no final da tarde (horário local) na cidade de Kerman, no sudoeste do país, quatro dias após a morte do líder militar em um ataque de drone dos Estados Unidos no Iraque, que mergulhou a região em uma nova crise e provocou temores de um conflito mais amplo.
"Poucos minutos atrás, o corpo dele foi transferido para a seção dos mártires do cemitério de Kerman", disse a agência de notícias Isna, acrescentando que o sepultamento de Soleimani havia sido iniciado.
Uma autoridade iraniana de alto escalão disse que o Irã está estudando vários opções para vingar o assassinato. Outras figuras graduadas disseram que o Irã repetirá a escala da morte de Soleimani quando reagir, mas que escolherá a hora e o local.
O tumulto desta terça-feira ocorreu no meio da multidão, matando ao menos 56 pessoas, disse a TV estatal. Cerca de 210 pessoas ficaram feridas, disse uma autoridade dos serviços de emergência à agência Fars.
"Hoje, por causa do grande congestionamento de pessoas, infelizmente vários de nossos compatriotas que pranteavam ficaram feridos e vários foram mortos", disse Pirhossein Kolivand, chefe dos serviços de emergência, à televisão estatal.
O corpo de Soleimani, um herói nacional cuja morte uniu muitos iranianos, foi levado a diversas cidades do Irã antes de chegar a Kerman para o enterro.
Em cada lugar, um grande número de pessoas ocupou as vias públicas, bradando "Morte à América" e chorando com emoção. O líder supremo, Ali Khamenei, chorou enquanto conduzia as orações em Teerã.
Soleimani, que comandava a Força Quds, de elite, montou uma rede de forças apoiadas pelo Irã em todo o Oriente Médio. Ele foi uma figura central na orquestração da longa campanha iraniana para expulsar as forças dos EUA do Iraque.
Ali Shamkhani, secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional, disse que 13 "cenários de vingança" estão sendo cogitados, segundo a agência a Fars. Mesmo a opção mais branda se mostrará "um pesadelo histórico para os americanos", afirmou.
O Irã, cujo litoral corre ao longo de uma rota de transporte de petróleo do Golfo Pérsico que inclui o Estreito de Ormuz, tem forças aliadas em todo o Oriente Médio por meio das quais pode agir. Representantes destes grupos, como o palestino Hamas e libanês Hezbollah, compareceram ao funeral em Teerã.
(Por Ahmed Aboulenein em Bagdá, Babak Dehghanpisheh em Dubai, Phil Stewart, em Washington; e Michelle Nichols, na ONU)