Ventos fortes na região próxima a Vinhedo, no interior de São Paulo, podem ter sido “fator decisivo” para a queda do avião da Voepass, em 9 de agosto, que matou 62 pessoas. Segundo o Lapis (Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites), da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), as análises meteorológicas indicam que o voo 2283 enfrentou turbulência do começo ao fim do trajeto.
Os pesquisadores cruzaram informações do voo com as análises meteorológicas da rota, minuto a minuto. A análise indica que ao longo do trajeto houve pelo menos 3 fases críticas, enfrentadas pelo avião, que podem ter perda de potência (velocidade) em cada um desses momentos:
- área com formação de gelo;
- nuvens de chuvas; e
- ventos muito intensos (antes do acidente).
Segundo o laboratório ligado à Ufal, em uma das zonas meteorológicas críticas o avião permaneceu cerca de 10 minutos (de 13h10 a 13h19) nas más condições climáticas.
“Os ventos fortes em altitude, oriundos da Amazônia, pressionaram a aeronave, principalmente no lado esquerdo (lado do piloto), exatamente quando houve mudança de direção para se aproximar do destino em Guarulhos”, afirma o laboratório. Lapis.
O avião transportava 62 pessoas (58 passageiros e 4 tripulantes) da cidade de Cascavel (PR) para o Aeroporto de Guarulhos (SP).
Com isso, o Lapis supõe que o avião teria entrado em estol, que significa mergulhar no sentido oposto, em contraponto ao jato frontal de oeste, para pegar impulso e recuperar a potência.
No entanto, a ventania teria passado a atingir a frente do avião, o que causa a perda de sustentação, culminando na queda.
“A aeronave trafegava em cerca de 5.200 metros de altitude, onde há correntes de vento significativas, que exigiram maior capacidade para a aeronave atravessar. Mas nessa mudança de direção, já próximo de Vinhedo, as correntes de vento podem ter levado a perder sustentação ou até mesmo avariado alguma estrutura do avião”, afirma o meteorologista fundador do Laboratório Lapis, Humberto Barbosa.
FALHA NO SISTEMA DE DEGELO
A dificuldade de reação em casos graves de acúmulo de gelo é um fator que especialistas em aviação indicam como hipótese para explicar a queda do ATR-72.
A área em que caiu o avião tinha um alerta de alto risco de congelamento.
O gelo nas asas aumenta o atrito do avião com o ar, alterando a direção e velocidade com que o ar passa. Isso pode resultar em perda de velocidade e de sustentação.
CAUSAS DA QUEDA AVIÃO DA VOEPASS
Até o momento não há confirmação oficial do que causou a queda do voo 2283 da Voepass.
A investigação é feita pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira). O relatório preliminar tem previsão de ser divulgado até 11 de setembro.
A queda do avião ATR 72-500 é considerado o acidente mais grave na aviação comercial brasileira desde 2007.