Por Twinnie Siu e Jessie Pang
HONG KONG (Reuters) - Os democratas de Hong Kong conseguiram uma grande vitória nas eleições de conselhos distritais, que tiveram um comparecimento recorde após seis meses de protestos antigoverno, aumentando a pressão para a líder da cidade sob controle chinês ouvir os apelos por democracia, nesta segunda-feira.
As eleições de domingo representaram uma pausa rara nos tumultos às vezes violentos, e os candidatos pró-democracia conquistaram quase 90% dos 452 assentos dos conselhos distritais, noticiou a emissora RTHK, apesar de uma oposição pró-establishment mobilizada e rica em recursos.
A executiva-chefe de Hong Kong, Carrie Lam, que tem postura pró-Pequim, disse em um comunicado que o governo respeita os resultados e que deseja "que a situação pacífica, segura e ordeira continue".
"Há várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados, e um número considerável é da opinião de que os resultados refletem a insatisfação do povo com a situação atual e os problemas enraizados da sociedade", disse.
O governo "ouvirá as opiniões dos membros do público humildemente e refletirá seriamente".
Os resultados revelaram vitórias improváveis de democratas sobre oponentes pró-Pequim pesos-pesados quando começaram a emergir após a meia-noite de domingo, o que provocou comemorações e brados de "Libertem Hong Kong. Revolução agora" --um slogan usado por muitos manifestantes nos últimos seis meses-- em algumas seções eleitorais.
Fotos publicadas na internet mostraram pessoas comemorando diante de seções eleitorais e nas ruas de Central, o distrito comercial da cidade, e estourando garrafas de champanhe.
Regina Ip, membro do principal órgão de aconselhamento do governo e ex-chefe de segurança, foi vaiada com força por manifestantes em Central na hora do almoço.
A votação terminou sem grades distúrbios na cidade de 7,4 milhões de habitantes em um dia que teve filas longas, mas organizadas, diante das seções eleitorais
"Isto é o poder da democracia. Isto é um tsunami democrático", disse Tommy Cheung, ex-líder de protestos estudantis que conquistou uma cadeira no distrito de Yuen Long, próximo da fronteira com a China.
Os conselhos distritais de Hong Kong controlam parte dos gastos, decidem uma série de questões do cotidiano, como o transporte, e também servem como plataformas populares importantes para irradiar influência política.