Por Andrea Shalal
SÃO PAULO (Reuters) - Os Estados Unidos e seus aliados continuarão buscando opções para acessar 300 bilhões de dólares em ativos soberanos russos congelados, disse a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, depois que autoridades falharam em fechar um acordo para ajudar o esforço de guerra da Ucrânia.
Yellen disse à Reuters em uma entrevista na quinta-feira que qualquer ação precisaria de uma fundamentação jurídica sólida, o que surgiu como um ponto de atrito nas negociações desta semana durante reunião dos ministros de Finanças do G20 organizada pelo Brasil.
Yellen disse que desafiou o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, a ajudar a desenvolver as opções buscadas pelos líderes do G7 a tempo para a cúpula de junho, depois que Le Maire rejeitou publicamente sua opinião de que existe justificativa legal para monetizar os ativos.
As autoridades do G7 discutem há um ano o que fazer com os ativos soberanos russos para ajudar a Ucrânia, que Moscou invadiu há dois anos. O debate se tornou público durante a reunião do G20 desta semana, revelando profundas divisões entre os aliados do G7.
A Rússia ameaçou uma grande retaliação se o Ocidente confiscar seus ativos. Alguns países europeus temem que isso possa abrir precedentes perigosos e minar a confiança nas moedas ocidentais, embora Yellen tenha considerado "altamente improvável" uma saída maciça dessas moedas
Na entrevista ela disse que, embora alguns europeus estejam céticos em relação à apreensão de ativos, há opções como o uso dos ativos como garantia para empréstimos e uma nova proposta de emissão de um empréstimo sindicalizado, que ela descreveu como uma "opção interessante"
"Há questões jurídicas complicadas aqui. Concordamos que tudo o que fizermos deve ter uma fundamentação jurídica internacional firme, bem como fundamentação doméstica", disse Yellen.
"Vamos continuar trabalhando. A equipe (de Le Maire) está trabalhando com a nossa. Pedimos a ele que nos ajude a apresentar opções, opções que possamos apresentar aos líderes."
OPÇÕES PARA OS LÍDERES DO G7
Yellen disse que os líderes do G7 pediram a suas equipes "que apresentassem o maior número possível de opções viáveis e que analisassem os benefícios e os custos associados a elas".
A decisão sobre "o que fazer - o que não fazer - cabe a eles", disse ela, acrescentando que não estava claro se os líderes chegariam a essa decisão em sua cúpula na Itália em junho.
Yellen disse que é fundamental não prejudicar o trabalho da Euroclear, que detém a maior parte dos ativos russos. "A Euroclear é um serviço de utilidade financeira infinitamente importante, e devemos ser excepcionalmente cuidadosos para não fazer nada que coloque em risco seu funcionamento", disse ela.
Todos os governos do G7 concordam com a necessidade urgente de avançar para ajudar a Ucrânia, que tem enfrentado reveses militares da Rússia, disse uma autoridade ocidental.
Le Maire defendeu uma abordagem mais modesta, centrada nos movimentos da União Europeia para usar os lucros dos ativos congelados para gerar receitas para a Ucrânia.