SÃO PAULO (Reuters) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, criticou Israel por reter permissões de trabalho e bloquear viagens de palestinos da Cisjordânia ocupada, dizendo que as medidas prejudicam ambos os lados e podem desencadear um conflito regional mais amplo.
"Não queremos ver uma extensão do conflito para outras partes", disse Yellen à Reuters em uma entrevista na noite de quinta-feira. "Israel é um amigo e conversamos com eles regularmente. Se vemos algo que nos preocupa, dizemos aos nossos parceiros o que pensamos sobre isso."
Ela disse a repórteres na terça-feira que havia escrito para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para expressar suas preocupações e saudar o acordo de Israel para retomar as transferências de impostos para a Autoridade Palestina.
A economia de Israel tem sido prejudicada desde que homens armados do grupo islâmico palestino Hamas atacaram o país em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e provocando uma ofensiva israelense em Gaza que já matou mais de 30.000 palestinos.
Centenas de milhares de pessoas foram convocadas das reservas em uma das maiores mobilizações militares de Israel. Milhares de trabalhadores palestinos foram dispensados e não tiveram permissão para voltar ao trabalho.
O Banco Mundial estima que a economia palestina tenha encolhido 6,4% no ano passado, revertendo uma previsão de crescimento de 3,2% devido à guerra em Gaza e à deterioração na Cisjordânia, um enclave palestino separado. A situação em Gaza é muito pior, com mais de 80% das unidades habitacionais destruídas ou danificadas e 2 milhões de pessoas desabrigadas.
Yellen disse que as restrições comerciais e de viagem de Israel estão afetando fortemente a economia palestina e interrompendo vários projetos de construção em Israel, criando uma escassez de trabalhadores.
"Pelo que sei, há canteiros de obras que tiveram de ser fechados por falta de mão de obra, o que não é bom para a economia de Israel nem para a economia da Cisjordânia", disse ela na entrevista. "Não acho que nada disso seja do interesse de Israel."
Os EUA também estão preocupados com a economia do vizinho Egito, que tem sofrido os impactos de uma queda de 55% no tráfego através do Canal de Suez e um declínio acentuado no turismo, disse Yellen.
O Egito está perto de chegar a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que ampliará seu atual programa de 3 bilhões de dólares, disse ela, sem dar detalhes.
(Por Andrea Shalal)