Gemma Casadevall.
Bochum (Alemanha), 12 dez (EFE).- O impactante "A Fita Branca",
do alemão Michael Haneke, foi o grande vencedor da premiação da
Academia do Cinema Europeu, realizada na cidade alemã de Bochum,
levando a melhor nas categorias de Melhor Filme do Ano, Melhor
Diretor e Melhor Roteiro.
A história do grupo de crianças condenadas a crescer no
dogmatismo religioso de uma Europa à beira da Primeira Guerra
Mundial e em uma Alemanha que, décadas depois, junto com eles, verá
o crescimento do nazismo, cativou a academia europeia.
Nascido em Munique e radicado na Áustria, Haneke já havia
recebido os prêmios de melhor filme europeu em 2005 por "Caché".
Além disso, "A Fita Branca" também faturou a Palma de Ouro no último
Festival de Cannes.
O filme do diretor alemão desbancou o grande favorito da
premiação europeia, a produção francesa "Un prophète", de Jacques
Audiard, que recebeu seis indicações e conquistou o prêmio de Melhor
Ator com Tahar Rahim.
Kate Winslet foi escolhida como melhor atriz por seu trabalho em
"O Leitor", enquanto o segundo filme que mais indicações recebeu,
"Quem Quer Ser um Milionário?", com cinco, levou o prêmio de Melhor
Filme na votação popular.
"Abraços Partidos", de Pedro Almodóvar, ficou com o prêmio de
Melhor Música, concedido a Alberto Iglesias.
Foi uma cerimônia sóbria, marcada pela ausência de muitos dos
indicados, como a atriz espanhola Penélope Cruz e Almodóvar, e
também de alguns premiados, como Winslet.
A atriz francesa Isabelle Huppert, que recebeu um prêmio pelo
conjunto de sua carreira, assim como o diretor britânico Ken Loach,
compensou a falta de alguns colegas de profissão com sua elegância.
Um dos convidados mais ilustres do evento, entretanto, não era do
mundo do cinema. O ex-jogador de futebol francês Eric Cantona, ator
acidental em "À Procura de Eric", entregou o prêmio a Loach, o
diretor que se atreveu a disciplinar o ex-astro dos gramados
europeus nas telas.
Loach agradeceu a Cantona pela ousadia de aceitar o desafio de
participar de "À Procura de Eric" e aproveitou para lembrar dos
cineastas que não podem fazer os filmes que desejam em seus países,
citando o caso dos territórios palestinos.
A festa do cinema europeu foi celebrada em Bochum, cidade do
interior da Alemanha, no Vale do Ruhr, destoando do perfil das
edições anteriores da premiação - Berlim, Barcelona, Roma, Paris,
Londres, Varsóvia e Copenhague.
"Não sei por que estranham tanto fazermos a festa aqui", disse à
Agência Efe o diretor alemão Wim Wenders, presidente da fundação da
Academia do Cinema Europeu.
"Daqui, como do resto da região, surgiram muitos talentos, a
mineração leva a muita criatividade", brincou o cineasta, nascido em
Düsseldorf e crescido em Oberhausen, no coração do Vale do Ruhr, em
alusão a uma das principais atividades econômicas da área.
Assim, Wenders levou para casa a festa da Academia, criada em
1989 por ele e mais 40 outros representantes do cinema europeu como
alternativa a Hollywood. EFE