Paris, 29 jun (EFE).- A Agência Internacional da Energia (AIE)
advertiu hoje que uma alta pronunciada demais dos preços do petróleo
poderia comprometer a recuperação da economia mundial e constatou
que a especulação influi no aumento dos mesmos.
A advertência foi lançada pelo diretor-executivo da AIE, Nobuo
Tanaka, e pelo responsável na organização do relatório sobre o
mercado petroleiro a médio prazo, David Fyfe, na apresentação deste
estudo anual.
"É preciso ser muito cuidadosos com os preços", disse Fyfe, ao
comentar a ascensão que ocorreu nos últimos meses, e alertar do
"impacto potencialmente negativo sobre o crescimento" econômico.
O resumo do relatório, que faz estimativas sobre a evolução do
mercado até o horizonte de 2014, indica claramente que "só os
fundamentais não podem explicar a alta (do barril de petróleo) após
fevereiro".
Em seguida, enfatiza que "uma alta pronunciada demais agora
poderia fazer descarrilar a recuperação econômica".
Os autores deste relatório revisaram substancialmente para baixo
suas expectativas sobre a demanda mundial de petróleo até 2014
devido ao efeito da crise atual, que reduzirá este ano o consumo a
83,21 milhões de barris diários, frente aos 85,76 milhões de 2008.
De 2010 e até 2014, e dado o elevado grau de incerteza, a AIE
elaborou dois cenários, um com um crescimento econômico mundial de
5% anual e outro de 3%.
Com o primeiro, a demanda se recuperaria e chegaria a 88,99
milhões de barris diários em 2014, o que voltaria a colocar o
mercado em tensão, ao se reduzir a capacidades de produção excedente
a 3,8% do total, um nível já próximo ao mínimo de 3,1% que tinha
sido registrado em 2008.
No segundo cenário, a demanda em 2014 seria inferior à do ano
passado, com 84,92 milhões de barris diários, e a margem de
excedente seria de 8,2%, a mais elevada em muitos anos.
A AIE, que não faz previsões sobre os preços, utiliza como
hipótese de trabalho os dados do mercado de futuros como estavam no
final de abril, o que significa que, em termos reais, o barril de
petróleo, que esteve a uma média de US$ 100,1, chegará em 2009 a US$
48,5 e depois começará a subir progressivamente até US$ 61,2 em
2014. EFE