Paris, 13 abr (EFE).- A Agência Internacional de Energia (AIE)
revisou hoje ligeiramente para cima as previsões de consumo de
petróleo para este ano, mas também advertiu que os mercados seguem,
que registraram desde o início do mês novos picos no preço do
barril, seguem muito aquecidos.
É verdade que a recuperação econômica e a demanda de petróleo que
é registrada nos principais países emergentes é fato.
A sustentabilidade dos níveis de preço do petróleo amplamente
acima dos US$ 80 desperta dúvida, ressaltou hoje a AIE em seu
relatório mensal sobre o mercado.
Com relação a isso, preveniu que "a situação poderá mudar" para
os países produtores se os preços que considerados adequados ficarem
entre US$ 80 a US$ 100 o barril, e não US$ 60 a US$ 80, como
registrados até então.
Os autores do relatório assinalaram que o recente encarecimento
do petróleo, que no início de mês chegou ao maior valor em 18 meses,
pode refletir em parte a percepção de uma série de riscos de
abastecimento da Nigéria, Irã, Rússia e ou outros produtores que
eventualmente se vissem atingidos pela temporada de ciclones.
Apesar desses riscos, insistiram em que se mantém a capacidade
dos países produtores e o nível de reservas industriais dos membros
da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE).
Além disso, acrescentaram que foram atenuadas "algumas das
maiores preocupações" sobre as perspectivas para meados desta
década.
Em todo caso, a AIE - que reúne os principais consumidores de
energia membros desta agência - revisou para cima, em 30 mil barris
diários, suas previsões do mês passado de consumo global de petróleo
para este ano para 86,6 milhões de barris diários, o que significa
um aumento de 2% com relação a 2009.
Essa correção se deve as maiores expectativas de alguns países
asiáticos, em particular a China - o que pode refletir em parte a um
aumento das reservas - e do Oriente Médio para a geração de
eletricidade.
Uma das informações que confirmam que os países emergentes são os
responsáveis pelo aumento do consumo é que os mesmos representam
três quartos do aumento da demanda de 2010 (China, Arábia Saudita,
Rússia, Brasil, Irã e a Índia).
A outra face da moeda é a OCDE, porque a agência não modificou
este mês suas previsões, o que significa que globalmente absorverá
neste ano 45,4 milhões de barris diários, uma queda de 0,2%, depois
do retrocesso de 4,4% registrado em 2009.
Concretamente, a demanda nos grandes países europeus (França,
Alemanha e o Reino Unido) se mantém abaixo dos níveis prévios à
recessão, embora a produção industrial tenha se recuperado e esse
efeito não é compensado por Itália e Espanha.
A crise da dívida grega introduziu um elemento de incerteza
econômica à região.
A AIE constatou que em março a produção mundial de petróleo caiu
em 220 mil barris diários com relação a fevereiro, ficando em 86,6
milhões de barris, devido à queda na contribuição da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 190 mil barris diários,
para 29 milhões de barris.
Apesar da queda, que se deve mais ao retrocesso de 10% no
petróleo iraquiano colocado no mercado que ao cumprimento das cotas
decididas pela Opep, a agência indicou que a produção global é quase
2 milhões de barris diários superior a do ano passado.
As reservas industriais dos países da OCDE diminuíram em
fevereiro em 38,4 milhões de barris para ficar em 2,685 bilhões de
barris.
Aqui também, a AIE se esforçou em ressaltar que isso cobre 60
dias de demanda, ou seja, mais que os 59,5 dias que cobria o nível
de reservas de janeiro. EFE