Paris, 4 jun (EFE).- Os alemães trabalham menos horas e com menor intensidade do que os europeus do sul, constata novo estudo de um banco francês no qual se alude às recentes críticas de Berlim em direção aos trabalhadores do sul do continente.
"Os alemães trabalham muito menos (ao ano, em toda sua vida) do que os europeus do sul; também não trabalham mais intensamente", sentencia o recente estudo de Natixis, que a Agência Efe teve acesso neste sábado e no qual se baseia os dados do escritório de estatísticas da União Europeia, Eurostat, e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Para o autor do relatório, Patrick Artus, "o comportamento econômico superior da Alemanha se explica, principalmente, pelo esforço inovador e a maior taxa de economia de famílias e empresas".
Recentes declarações da chanceler federal, Angela Merkel, "atribuem à fragilidade do tempo de trabalho nos países do sul da eurozona às dificuldades destes países com relação à Alemanha", lembra o autor.
Em abril, um relatório da OCDE revelou que os espanhóis dedicam 19% de seu tempo a atividade remunerada, contra 16% dos alemães.
Artus identifica agora que a duração anual do trabalho é inferior na Alemanha a outros países considerados no estudo: França, Espanha, Portugal e Grécia.
Indica que embora a idade de aposentadoria legal na Alemanha é de 65 anos agora e 67 no futuro, a idade real média é a mesma nesse país que a da Espanha, Portugal e Grécia.
"A duração do trabalho não explica, portanto, o comportamento econômico da Alemanha", sustenta o autor.
Com relação à qualificação do trabalhador alemão, no estudo afirma que "a proporção de alemães com Ensino Superior não é maior do que na França, Espanha e Grécia", embora Portugal e Itália tenham "um claro problema educacional".
"O índice de desemprego dos pouco qualificados é maior na Alemanha que nos países do sul da eurozona", acrescenta.
Já a produtividade dos trabalhadores alemães calculada por habitante, o estudo afirma que está "dentro da média dos países do sul; a produtividade horária está acima dessa média, mas não é melhor do que na França e na Grécia".
O estudo situa o controle dos custos trabalhistas entre os fatores que poderiam explicar as diferenças entre a economia alemã e a dos países do sul.
E indica que, no caso alemão, o custo unitário cresceu claramente menos do que na França, Itália, Espanha, Portugal e Grécia e que as cargas sociais desceram na Alemanha.
"Quando se observa o custo total do trabalho, se vê que só França está em uma situação difícil se comparada com a Alemanha", acrescenta o estudo.
Nas sínteses do estudo garante que Merkel não mostra os verdadeiros problemas desses países, já que a diferença de suas economias com a da Alemanha reside no esforço de inovação germânico e nas taxas de economia dos alemães e de suas empresas. EFE