Berlim, 2 set (EFE).- A antiga terrorista da Fração do Exército
Vermelho (RAF) Verena Becker, detida na sexta-feira passada por sua
suposta implicação em um crime não solucionado, recebeu no passado
mais de 50 mil euros para colaborar com as autoridades alemãs.
Assim o revela Wingfried Ridder, antigo membro dos Serviços
Alemães para a Proteção da Constituição, responsáveis pela luta
contra o terrorismo, em uma reportagem que emitirá esta noite a
cadeia pública da televisão alemã ARD.
Aparentemente Becker se reuniu em segredo até cinco vezes no
início da década dos anos 80 com autoridades, oferecendo informações
que levaram à detenção dos cabeças da RAF Christian Klar e Brigitte
Mohnhaupt.
Becker recebeu mais de 100 mil marcos (mais de 50 mil euros) por
oferecer também informação detalhada sobre os sistemas de construção
de artefatos explosivos da RAF e sobre as reuniões clandestinas da
organização nas quais se decidiam futuros alvos e vítimas.
Verena Becker foi detida na sexta-feira passada por suposta
implicação no assassinato do promotor Siegfried Buback, ocorrido há
mais de 30 anos e um dos capítulos não solucionados no histórico
dessa organização terrorista alemã, dissolvida em 1998.
A promotoria federal comunicou sua detenção, por suspeitas de
haver participado dos preparativos do atentado e à luz das novas
provas apresentadas sobre o caso por amostras de DNA achadas nos
comunicados com os quais a RAF reivindicava a autoria desse
assassinato ocorrido em 1977.
Agentes da promotoria fizeram uma busca na casa da ex-terrorista
há quase duas semanas e expropriaram uma série de documentos, o que
unido às mostras genéticas reforçam a tese que Becker, de 57 anos,
esteve envolvida no atentado.
Buback foi assassinado, junto com dois acompanhantes, dia 7 de
abril de 1977 e vários membros da RAF foram condenados por isso, mas
se desconhece quem foi o autor material das mortes, que o grupo
qualificou, segundo seu costume, de uma "ação coletiva".
Becker saiu da prisão em 1989, onde cumpria pena por pertencer ao
grupo, quando recebeu indulto do então presidente federal, Richard
von Weizsäcker.
A antiga terrorista pertenceu à segunda geração da RAF, que
surgiu quando estavam na prisão seus fundadores, Ulricke Meinhof e
Andreas Baader. EFE