Viña del Mar (Chile), 27 fev (EFE).- As cidades de Viña del Mar e
Valparaíso, no litoral oeste do Chile, permanecem hoje com as ruas
vazias e os comércios fechados, enquanto os moradores avaliam a
destruição causada pelo terremoto desta madrugada.
Os serviços de limpeza trabalham de forma intensa para retirar os
escombros que restam sobre as calçadas, onde se amontoam vidros e
pedaços de parede arrancados das fachadas dos prédios, em sua
maioria baixos.
"Agora estamos recolhendo tudo o que caiu das paredes. (...) Há
muitos carros com pedaços de muros. Foi muito grave o que
aconteceu", contou à Agência Efe Juan Muñoz, que trabalha na
limpeza.
As prateleiras vazias das lojas e os vidros quebrados das
vitrines eram o traço mais visível da violência com que o terremoto
atingiu a cidade de Viña del Mar, a 125 quilômetros de Santiago.
Francisco González, que dirige uma loja de produtos naturais,
explicou que ao entrar no estabelecimento se deparou "com quase tudo
no chão e rachaduras em alguns lugares".
"O teto saiu um pouco, um desastre de grandes proporções",
explicou.
O tremor aconteceu hoje às 3h36 (na hora local e em Brasília),
apenas 45 minutos depois de cerca de 15 mil pessoas deixarem um
festival de música em Viña del Mar.
O 5º Congresso Internacional de Língua Espanhola, que seria
realizado na próxima terça-feira na mesma cidade com a presença do
rei da Espanha, foi cancelado.
O fechamento do aeroporto de Santiago deixou retidos no país
milhares de turistas, entre eles o casal canadense Louise e Bill
Meere.
"Íamos casar esta noite, mas não parece que será possível porque
o aeroporto está fechado, portanto teremos que aproveitar a praia um
dia mais", explicou à Efe Louise.
Poucos minutos depois do forte terremoto, muitas pessoas tinham
saído às ruas perante o temor de novas réplicas.
Nesse momento, a angústia tomou conta das pessoas, que
rapidamente associaram o tremor com o de 1985, responsável por 177
mortes.
"Começou a tremer demais e os vidros começaram a cair. Começou a
cair água, arrebentaram os encanamentos e foi horrível", explicou
Bety González, moradora de Santiago que tinha ido a Viña del Mar
para o festival de música.
Outros notaram o terremoto quando estavam em bares e discotecas,
quase todas lotadas como é habitual em noites de sexta-feira.
"A luz se foi, tremeram as televisões, começou a cair areia do
teto. Gritaram que tudo ia cair", contou a adolescente Pauliana
González.
Após o terremoto, era comum ver muitas pessoas entradas dos
edifícios, um dos poucos lugares onde a eletricidade ainda
funcionava.
Enquanto Viña del Mar parece uma cidade fantasma, os bombeiros
percorrem as ruas para supervisionara destruição e acalmar a
população, que passou a noite em alerta perante as contínuas
réplicas. EFE