Buenos Aires, 25 abr (EFE).- O governo argentino negou nesta quarta-feira que a Repsol investiu mais de US$ 20 bilhões desde que comprou a maior parte da companhia petrolífera YPF, em 1999, ao contrário do que o grupo espanhol divulgou num aviso publicado na imprensa do país.
"O investimento da Repsol foi insuficiente porque provocou uma redução na produção e nas reservas da YPF, ocasionando um enorme prejuízo para a empresa e para o país", disse em comunicado o ministro argentino do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, responsáveis pelo processo de nacionalização da empresa.
"É falso" que a espanhola Repsol tenha investido US$ 20 bilhões entre 1999 e 2011, acrescentou a nota. O governo argentino anunciou na semana passada a expropriação de 51% da YPF.
Nesta quarta-feira, o senado argentino abriu a sessão que irá debater e votar o projeto de lei para nacionalizar a companhia. A Repsol controla 57,3% do capital da YPF.
O anúncio do grupo espanhol, publicado nesta terça-feira e quarta-feira na imprensa, diz que não é verdade que a YPF reduziu sua produção de petróleo e gás mais do que as outras companhias que operam no país.
Além disso, a Repsol nega que a companhia petrolífera descobriu "menos reservas de petróleo e gás" em comparação com outras empresas, e afirma inclusive que seus investimentos anuais foram "muito superiores as de qualquer outra operadora do país".
Para os interventores, no entanto, a Repsol omite o valor líquido que realmente foi investido na empresa.
Segundo o governo, "entre 1999 e 2011, as reservas de petróleo da YPF diminuíram 40,5% e as de gás 47,1%, enquanto a produção de petróleo caiu 38,3% e a de gás 25,4%".
Além disso, os interventores acusaram a Repsol de ter "uma conduta depredatória", negaram que seus investimentos se dirigissem às atividades de prospecção e insistiram que o grupo espanhol se dedicou a buscar petróleo em outros países.
O governo argentino avaliou que o lucro da Repsol desde sua entrada no país foi de US$ 15,728 bilhões, e disseram que a companhia esquece de frisar que é a empresa recordista de vendas no setor no país.
Na nota de intervenção, divulgada no dia 16 de abril, a presidente Cristina Kirchner afirmou que "os investimentos só podem ser comparados entre companhias do mesmo tamanho", e dizer o contrário seria "uma falta de respeito à inteligência da opinião pública". EFE