Buenos Aires, 2 ago (EFE).- O Governo da Argentina afirmou hoje
que a economia do país começará a se recuperar a partir do último
trimestre deste ano, melhoria que se consolidará em 2010, graças, em
parte, a uma maior demanda do Brasil e da China.
"De acordo com as projeções da equipe econômica, estamos
esperando uma recuperação a partir do último trimestre deste ano, e
isso vai ser verificado com força no ano que vem. A partir do
segundo e terceiro trimestre de 2010, vai estar consolidado o
processo de recuperação", afirmou o vice-ministro da Economia
argentino, Roberto Feletti.
Em entrevista publicada hoje pelo jornal "Página/12", de Buenos
Aires, Feletti disse que a China "está abandonando sua lógica de
crescimento baseado no setor externo" para dar ênfase a seu mercado
interno.
Além disso, segundo o funcionário argentino, o gigante asiático
"está colocando em valor o acúmulo de reservas internacionais que
teve" e este "cenário implicará em que terá que demandar mais
alimentos, porque está em uma situação de subconsumo, e isso
favorece a Argentina".
A Argentina também espera uma recuperação da demanda do Brasil,
seu principal parceiro comercial, "assim, um dos aspectos da demanda
agregada que mais sofreu, que são as exportações, vai se recuperar",
disse Feletti.
O vice-ministro destacou que, na recuperação econômica local do
impacto da crise global, também terão responsabilidade iniciativas
como a proposta do ministro da Economia argentino, Amado Boudou,
para criar um bando de fomento para conceder empréstimos ao
desenvolvimento.
"Esse projeto vai atacar outra debilidade que é a da queda do
investimento privado. Acreditamos que sustentabilidade fiscal e
externa, associada a estímulos ao investimento e à recuperação da
demanda externa, vão criar um contexto propício para o crescimento
do consumo e do investimento privado", afirmou.
O funcionário disse que um dos desafios pendentes é elaborar um
programa financeiro para 2010 que permita fechar os vencimentos de
dívida para o próximo ano.
"Temos crédito doméstico, crédito multilateral e possibilidade de
ter acesso aos mercados internacionais em 2010. Vamos ter as três
fontes de financiamento", disse.
Feletti considerou que a Argentina deve reabrir a negociação com
o Clube de Paris, ao qual deve US$ 6,5 bilhões, e com os detentores
privados de dívida que não entraram na troca concretizada em 2005,
para "depois emitir novos títulos". EFE