Por Marcela Ayres
SÃO PAULO (Reuters) - Com controle familiar, a rede de atacarejo paulista Atacadista Roldão vem buscando aprimorar sua estrutura de administração com executivos de fora da companhia para fazer frente à competição cada vez mais intensa com gigantes do setor.
A última tacada do presidente-executivo da companhia, Ricardo Roldão, foi a contratação de José Rafael Vasquez como diretor-superintendente na semana passada. Ex-vice-presidente das bandeiras de atacado do norte-americano Walmart no país, Vasquez disse à Reuters que o reforço da governança prepara a empresa "até para conseguir tomar medidas para expansão mais forte".
Marcando presença exclusivamente no Estado de São Paulo, o Roldão fechou 2014 com 20 unidades - cerca de um quinto do tamanho do líder do setor Atacadão, controlado pelo Carrefour. Ao mesmo tempo, seu faturamento subiu 20 por cento sobre um ano antes, a 1,9 bilhão de reais.
Agora, a companhia quer acelerar o ritmo para crescer perto de 60 por cento em dois anos, com o intuito de bater os 3 bilhões de reais em faturamento em 2016.
Questionado sobre eventuais planos de captação de recursos no mercado ou sobre o interesse de terceiros nas operações da rede como forma de acelerar o crescimento da empresa, Vasquez se limitou a dizer que o presidente da companhia tem se mostrado aberto a conversas, mas com visão de empreendedor que tem orgulho do que criou.
"Acho que o momento é propício para continuar colocando a empresa num patamar legal de controle, de governança corporativa, para o que quer que venha a acontecer no futuro", afirmou o Vasquez, em sua primeira entrevista no cargo.
Com capital fechado, o Roldão vem há cerca de dois anos contando com assessoria da Mesa Corporate Governance para aprimorar sua estrutura interna de gestão. Dentro do processo, contratou dois conselheiros independentes para seu Conselho de Administração e passou a ter os balanços auditados pela KPMG.
O movimento acontece em meio ao aumento da importância do atacarejo para as maiores redes de varejo supermercadista no país e em um momento em que os consumidores são pressionados por inflação elevada e aumento de juros.
Com estruturas simples, menos funcionários e menor variedade, o atacado de autosserviço tem o preço baixo dos produtos como principal apelo, atrativo tanto para consumidores finais quanto para pequenos comerciantes.
Enquanto o Carrefour vem reiteradamente saudando o desempenho do Atacadão no Brasil, o Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, viu sua receita líquida subir 35,5 por cento nos nove meses de 2014 até setembro, contra alta de apenas 4,7 por cento da divisão de multivarejo da companhia, que reúne as bandeiras Extra e Pão de Açúcar.
PREÇO NO FOCO
Vasquez, do Roldão, acredita que a competição em preços seguirá forte em 2015, acrescentando que a companhia mira ganhos de produtividade para ser mais agressiva em suas ofertas em um ano que avalia que não será fácil para o país.
"A palavra de ordem para este ano que é um pouco mais complexo é buscar melhoria e produtividade ... para vender mais por metro quadrado", afirmou o executivo, citando diminuição de desperdícios na cadeia de suprimentos, além de parcerias com fornecedores para melhorar a entrega de mercadorias.
"Seja por uma questão de ambiente, de percepção econômica, o mercado é muito tocado por expectativa. E a expectativa hoje não é positiva. Com certeza o consumidor vai ficar procurando preço", completou. OLBRBUS Reuters Brazil Online Report Business News 20150113T204924+0000