Por Jeffrey Heller e Sylvia Westall
JERUSALÉM/BEIRUTE (Reuters) - Dois soldados israelenses e um espanhol integrante de uma missão de paz morreram nesta quarta-feira em um confronto entre o Hezbollah e Israel, elevando temores de uma escalada do conflito entre o grupo militante e o Estado israelense.
O Hezbollah lançou um míssil contra veículos militares israelenses na fronteira com o Líbano, na maior ofensiva realizada por guerrilheiros do grupo libanês contra forças de Israel desde a guerra de 34 dias de 2006.
A divulgação da morte dos soldados israelenses foi feita por autoridades israelenses com horas de atraso para que os familiares pudessem ser notificados. Outros sete soldados israelenses ficaram feridos no ataque do Hezbollah, segundo comunicado do Exército.
O soldado espanhol da missão de paz, que integrava uma força de monitoramento da ONU no sul do Líbano, morreu depois do ataque, uma vez que Israel respondeu com bombardeios aéreos e disparos de artilharia, disseram um porta-voz da ONU e autoridades espanholas.
Em uma aparente retaliação contra um ataque aéreo israelense à Síria que matou um general da Guarda Revolucionária do Irã, um comandante do Hezbollah e o filho do falecido líder do grupo, a facção declarou que sua "Brigada dos Mártires de Quneitra" levou a cabo o atentado desta quarta-feira contra um comboio israelense na área fronteiriça das Fazendas Shebaa, desencadeando temores de uma escalada ainda maior da violência.
A Agência Nacional de Notícias libanesa disse que um soldado israelense foi capturado na operação, mas os militares do Estado judeu o negaram de imediato.
A artilharia israelense disparou pelo menos 22 projéteis em uma fazenda em campo aberto no sul do Líbano após o ataque, afirmou uma fonte de segurança libanesa, e uma fumaça densa surgiu sobre a área.
A área fronteiriça estava basicamente calma desde o conflito de 2006, já que o Hezbollah, apoiado pelo Irã, está lutando ao lado do presidente sírio, Bashar al-Assad, na guerra civil síria e Israel está atento à Faixa de Gaza, onde lutou contra militantes do Hamas durante 50 dias em meados do ano passado.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que fez da segurança sua maior prioridade na campanha de reeleição para a votação de 17 de março, disse que "quem quer que esteja tentando nos desafiar na fronteira norte" deveria levar em conta a ofensiva israelense em Gaza em 2014.
Falando em Sderot, cidade israelense na divisa com a Faixa de Gaza, Netanyahu afirmou que Israel está "preparado para agir poderosamente em todas as frentes", acrescentando: "A segurança vem antes de tudo."
Uma fonte militar israelense declarou que o ataque com mísseis desta quarta-feira atingiu um veículo militar, ferindo quatro soldados. Em seguida tiros de morteiro acertaram uma posição do Exército em Monte Hérmon, nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel, sem causar baixas.
Segundo uma fonte política libanesa, a "grande operação" do Hezbollah matou e feriu numerosos soldados israelenses em reação ao ataque aéreo israelense na Síria neste mês.
É preciso esperar para saber se Israel e o Hezbollah, ambos tendo causado baixas, irão recuar de um novo confronto ao longo das linhas de batalha, que podem se estender por três países: Israel, Líbano e Síria.
Na terça-feira, pelo menos dois foguetes sírios atingiram as Colinas de Golã, tomadas da Síria na Guerra dos Seis Dias de 1967. Israel respondeu com disparos de artilharia logo após o incidente, e no início desta quarta-feira com um ataque aéreo em solo sírio.
(Reportagem adicional de Maayan Lubell e Ori Lewis em Jerusalém, Laila Bassam e Oliver Holmes em Beirute e Suleiman Al-Khalidi em Amã)