Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - Os danos causados pelo período seco em janeiro em áreas do Centro-Oeste deverão reduzir o potencial da safra brasileira de soja, mas sem ameaça à perspectiva de uma colheita recorde este ano no país, mostra levantamento feito pela Reuters com 17 consultorias e entidades do setor.
A média das projeções aponta uma safra de 93,4 milhões de toneladas de soja na safra 2014/15, bem acima das 86,1 milhões de toneladas da estimativa oficial do governo para a temporada 2013/14.
Um mês atrás, em 9 de janeiro, levantamento semelhante apontava que a safra atual atingiria 94,5 milhões de toneladas, na média de 16 fontes consultadas.
"Em Goiás e no Distrito Federal, onde ocorreram as maiores reduções na produtividade da oleaginosa no país, alguns municípios sofreram intensamente com a falta de chuvas durante estágios sensíveis da lavoura, por um período de aproximadamente 30 dias", disse a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A Conab divulgou nesta quinta-feira relatório em que reduziu sua estimativa para a safra da oleaginosa em 1,34 milhão de toneladas, para 94,58 milhões.
"Houve uma revisão para baixo do potencial produtivo especialmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia, onde o clima seco e as altas temperaturas geraram maior prejuízo às lavouras. Por outro lado, as boas condições verificadas no Sul do país tendem a proporcionar melhores rendimentos no campo neste ano", disse a consultoria Céleres em relatório publicado este semana.
As estimativas para a safra de soja variam de 91 milhões a 95,2 milhões de toneladas.
A soja é o principal cultivo do Brasil, respondendo também por boa parte das exportações do agronegócio.
SAFRA DE MILHO MENOR
Para o milho, o levantamento da Reuters com 11 fontes aponta uma safra de 75,9 milhões de toneladas em 2014/15, ante 80,05 milhões de toneladas da estimativa oficial para 2013/14.
As estimativas para o milho variam bem mais do que as da soja, entre outros motivos porque a segunda safra do cereal ainda não está bem definida, nem em área, já que o plantio está apenas começando, nem em produtividades, uma vez que as chuvas necessárias não são uma certeza.
As projeções para o milho variam de 72,8 milhões a 80 milhões de toneladas.
"Em Mato Grosso (principal produtor de milho segunda safra), onde o solo está mais seco que o usual, a continuidade do tempo seco pode desencorajar produtores a expandir o plantio de segunda safra além da nossa previsão e pode impor riscos de perda de alta produtividade, caso as precipitações continuem baixas no período crítico de abril a junho", disse na quarta-feira a consultoria norte-americana Lanworth.