Paris, 22 out (EFE).- O grupo de trabalho sobre os financiamentos
internacionais ao desenvolvimento anunciou a criação de um comitê de
especialistas que, em maio de 2010, apresentará um relatório "com
ideias simples e mundiais", informou hoje o ministro francês de
Assuntos Exteriores, Bernard Kouchner.
O objetivo dos 59 países que formam o grupo, 12 dos quais se
reuniram hoje em Paris, consiste na criação de uma taxa sobre as
transações financeiras, que poderia ser de 0,005% sobre cada
operação, cujo lucro seria destinado ao investimento em
desenvolvimento.
O grupo designou um comitê de oito especialistas que deverá
avaliar a viabilidade técnica e jurídica de um imposto sobre as
transações de câmbio e das contribuições voluntárias baseadas em
operações financeiras internacionais.
"Estamos em uma reflexão preliminar na qual há várias ideias
sobre a mesa, como taxar os bilhetes de avião", disse à Agência Efe
a diretora da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o
Desenvolvimento (AECID), Elena Madrazo, que apontou que, "por
enquanto, é mais saudável esperar o resultado do grupo de
especialistas".
A missão desta equipe consiste, além disso, em analisar as
condições de aplicação e fazer com que estas ferramentas "causem as
menores distorções possível", segundo os representantes do grupo que
concederam uma entrevista coletiva depois da reunião.
Sobre a idoneidade da criação de um imposto em tempos de crise,
Madrazo disse que "iniciativas como estas são muito boas, porque
tentam criar fundos adicionais" à tradicional ajuda ao
desenvolvimento.
"É necessário agora nesta época de crise, não só porque as
disponibilidades orçamentárias são menores, mas, sobretudo, porque
os países atravessam a crise, que vão afundá-los mais em seu próprio
atraso e, por isso, o mais arriscado é não fazer nada", disse a
diretora da AECID.
O caráter voluntário da contribuição, que permitiria uma
arrecadação de mais 30 bilhões de euros anuais para ajudas ao
desenvolvimento, ainda não foi determinado, já que "alguns (países)
preferem que seja voluntária e outros obrigatória", afirmou o
secretário de Estado de Exteriores chileno, Alberto Van Klaveren.
Além de Espanha, Chile e a anfitriã França, estiveram presentes
na reunião realizada no ministério de Assuntos Exteriores francês
representantes de Bélgica, Brasil, Senegal, Áustria, Noruega, Reino
Unido, Japão, Itália e Alemanha. EFE