Por John Davison
BEIRUTE (Reuters) - Dezenas de milhares de sírios fugiram de um ataque russo que se intensificava ao redor de Aleppo nesta sexta-feira, e agentes de socorro afirmaram temer que a cidade pudesse logo ficar sob um completo cerco do governo.
O Irã relatou que um dos seus generais havia sido morto na linha de frente, dando uma confirmação direta do papel que Teerã desempenha junto com Moscou no que parece ser um dos ataques mais determinados nos cinco anos de guerra civil.
A ação do governo em torno de Aleppo e os avanços no sul e no noroeste ajudaram a torpedear as negociações de paz de Genebra nesta semana. A intervenção russa deu a iniciativa na guerra ao presidente Bashar al-Assad, revertendo ganhos que os rebeldes haviam obtido no ano passado.
Nos últimos dois dias, tropas do governo e seus aliados iranianos e libaneses cercaram totalmente a região rural ao norte de Aleppo e cortaram a principal rota de suprimentos entre a Turquia e a cidade, que antes da guerra era a maior da Síria. Ancara disse suspeitar que o objetivo era provocar a fome para subjugar a população.
Aleppo seria o maior ganho estratégico em anos para o governo de Assad, num conflito que já matou pelo menos 250 mil pessoas e desalojou 11 milhões de suas casas.
Imagens mostraram milhares de pessoas se aglomerando no ponto de cruzamento Bab al-Salam na fronteira turca. Homens carregavam bagagem nas cabeças, idosos e os que não podiam andar eram levados em cadeiras de rodas. Mulheres sentavam ao lado da rodovia com bebês à espera de autorização para entrar na Turquia.
A organização Anistia Internacional fez um apelo à Turquia para que o país deixasse entrar os que fugiam da recente onda de violência, após relatos de que a fronteira permanecia fechada.
"Parece que um cerco a Aleppo está prestes a começar", disse David Evans, diretor para o Oriente Médio da organização humanitária norte-americana Mercy Corps, que afirmou que a rota de ajuda mais direta para Aleppo havia sido cortada.
"A situação em Aleppo é uma catástrofe humanitária", declarou um porta-voz da oposição ainda em Genebra, depois das fracassadas negociações de paz. "A comunidade internacional precisa tomar medidas urgentes e concretas para lidar com isso."