O recente imbróglio causado pela suspensão das negociações das ADRs da Eletrobras (SA:ELET3), na Bolsa de Nova York (NYSE), ainda não afetou o desempenho da empresa no mercado brasileiro.
Neste ano, os papéis PNB N1 da empresa acumulam valorização de 36,6% em 2016 e podem romper a resistência de R$ 13,75 ainda neste semestre.
Para Raphael Figueiredo, analista da Clear Investimentos, o movimento reflete uma compreensão do investidor em relação ao momento da empresa. “Nos últimos anos, as ações das estatais sofreram com a instabilidade política. O governo de Michel Temer vem com um discurso de novo ciclo, com governança corporativa e pode fazer nomeações técnicas para a empresa. Isso anima o mercado”, ponderou.
Um ponto que ainda fica em aberto neste início de governo Temer é uma possível capitalização da estatal. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sinalizou que o aporte, se ocorrer, “não será substancial”.
Na visão de Pedro Galdi, analista independente, a situação da empresa ainda é delicada, por conta de uma série de impactos negativos. “Desde 2012, quando o governo federal quis antecipar as concessões, a Eletrobras viu sua receita se reduzir e os custos seguirem altos. Além disso, não podemos descartar novos desdobramentos da Operação Lava Jato, que podem trazer à tona ainda mais problemas para a estatal”, completou.
A diretoria da Eletrobras espera entregar ainda este mês os documentos referentes aos balanços de 2014 e 2015. Se isso não ocorrer, pode ser retirada da lista de negociações e corre o risco de ser processada por acionistas. “Nos Estados Unidos, o processo judicial é mais rápido e se os problemas não forem resolvidos, a empresa fica bastante ameaçada”, finalizou Pedro Galdi.
Raphael Figueiredo não acredita que os investidores de Nova York passem a olhar as empresas brasileiras com outros olhos por conta dos problemas da estatal. “De alguma forma, há queda na credibilidade. Mas outras companhias tiveram problemas parecidos e seguem sendo negociadas e até valorizadas por lá”, explicou o analista.