Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta quarta-feira, mas longe das máximas do dia, após a ata do Federal Reserve mostrar que ainda há consenso no banco central norte-americano de que serão necessários mais indicadores econômicos antes que fique clara a necessidade de elevar os juros.
Ainda assim, a moeda norte-americana terminou acima dos 3,20 reais, já que o documento revelou que alguns membros votantes do Fed acreditam que será apropriado elevar a taxa em breve e reagindo a um fluxo de saída na parte da tarde.
O dólar avançou 0,55 por cento, a 3,2115 reais na venda, após chegar a 3,2355 reais na máxima da sessão. O dólar futuro subia cerca de 0,35 por cento no final desta tarde.
"O mercado sente que o Fed está dividido demais e que (a chair do Fed, Janet) Yellen preferirá ser cautelosa e não elevar os juros antes das eleições", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta, referindo-se ao pleito que escolherá o próximo presidente norte-americano em novembro.
Segundo o documento, divulgado nesta tarde, alguns membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) esperam que um aumento de juros seja necessário em breve, mas há consenso geral de que são necessários mais dados antes disso.
A ata contrariou as expectativas de muitos operadores, que haviam comprado dólares pela manhã apostando que o documento reforçaria o recado de que os juros norte-americanos podem subir neste ano.
Na véspera, o presidente do Fed de Nova York, William Dudley, afirmou ver possibilidade de alta na taxa em setembro, o que tenderia a atrair para a maior economia do mundo recursos alocados em outros países, como o Brasil.
"As declarações de Dudley ontem sugeriram um viés de alta de juros", escreveram analistas do Scotiabank em nota a clientes pela manhã.
Após a divulgação da ata, os juros futuros norte-americanos passaram a apontar chance de 47 por cento de o Fed elevar os juros em dezembro, contra 58 por cento antes.
O dólar chegou a praticamente zerar a alta frente ao real, mas voltou a ser pressionado por um fluxo de saída pontual forte na parte da tarde. Com isso, terminou o dia com avanço, mas longe das máximas da sessão.
Dúvidas sobre a estratégia de intervenções do Banco Central também deixaram as cotações sensíveis. "Esses ruídos sobre o BC arranharam um pouco as cotações, deixaram o mercado desconfortável", disse o estrategista de um banco internacional.
Declarações do presidente interino Michel Temer demonstrando preocupação com a queda da moeda norte-americana levaram alguns investidores a apostar que o governo almejasse evitar impactos sobre a atividade do dólar fraco, mas o presidente do BC, Ilan Goldfajn, vem reforçando seu compromisso com o câmbio flutuante.
O BC vem vendendo diariamente 15 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, após elevar o ritmo na semana passada quando o dólar rondava as mínimas em mais de um ano.