Nacho Temiño.
Varsóvia, 25 mai (EFE).- O Governo polonês aprovou hoje 500
milhões de euros de ajudas urgentes para os desabrigados deixados
pelas inundações que assolaram o país, as mais intensas em 160 anos.
As enchentes da última semana deixaram 16 mortos e alagaram
várias povoações e plantações.
A última vítima foi uma adolescente de 13 anos desaparecida há
dias e que finalmente foi encontrada pelos bombeiros nas águas do
Vístula, o principal rio do país e protagonista de uma cheia que
arrasou tudo em seu caminho.
O primeiro-ministro, Donald Tusk, anunciou hoje um pacote
excepcional de ajuda que chega em plena política de austeridade
econômica e redução do déficit estatal, como recomendaram a União
Europeia (UE) e as principais instituições financeiras
internacionais.
"Temos que aplicar os fundos de assistência de uma forma que a
estabilidade das contas públicas não seja ameaçada", disse Tusk, que
reconheceu que será necessário reordenar o orçamento nacional e os
fundos de assistência para evitar um aumento da dívida nacional.
Apesar da magnitude do desastre e das críticas da oposição, 52%
dos poloneses consideram que o gabinete do primeiro-ministro está
respondendo bem à crise, enquanto 9% asseguram que ele está indo
"muito bem", segundo uma pesquisa divulgada pela rede de televisão
"TVN 24".
Enquanto isso a enchente, que já arrasou o sul do país, avança
rumo ao norte, onde seus habitantes fazem diques improvisados e
tentam salvar seus pertences da violência da água.
Exército, bombeiros e residentes se esforçam para reforçar com
sacos de areia os diques nas zonas ribeirinhas da região da
Pomerânia. As cidades de Tczew e Gniew são as mais ameaçadas pela
cheia e várias famílias já foram evacuadas.
Junto a eles, equipes de resgate vindas da Alemanha, França,
Ucrânia e Lituânia colaboram nos trabalhos de escoamento da água e
reconstrução do traçado do rio, tarefa na qual, inclusive, centenas
de presos foram postos para trabalhar.
Enquanto isso no sul sobrou a desolação provocada pelas
enchentes, com 120 quilômetros da região de Podkarpacie debaixo da
água, segundo as primeiras estimativas.
Esta foi uma das regiões mais afetadas pelas inundações, com mais
de nove mil evacuados e um milhão e meio de sacos de areia usados
para tentar domar o rio.
A Ucrânia enviou 70 bombeiros para colaborar com os vizinhos. Em
vários povoados do norte de Podkarpacie os moradores seguem sem luz
e água corrente, um cenário que se repete em várias localidades da
província polonesa fronteiriça de Malopolska.
A situação obrigou a evacuação de milhares de cidadãos e animais,
especialmente nos arredores da cidade de Plock, a cerca de 80
quilômetros de Varsóvia, onde a ruptura de diques deixou vários
municípios rurais alagados e obrigou quatro mil pessoas e outros
tantos animais, sobretudo vacas, porcos e cachorros, a serem
realojados temporariamente.
O executivo reconheceu que as inundações "foram piores que o
esperado" e superaram as barreiras construídas no leito do rio,
incluindo a sua passagem pela capital, Varsóvia, onde ainda hoje
várias ruas principais seguem bloqueadas e escolas fechadas,
enquanto os serviços públicos continuam um intenso trabalho para
minimizar os efeitos da inundação.
O problema nestas cidades é o vazamento de água através dos
diques, o que provoca movimentos de terra, aberturas no solo e
problemas em estruturas ribeirinhas vizinhas ao rio.
"Os diques ficaram muito danificados após suportar inundações
durante vários dias", reconheceu a porta-voz do Ministério do
Interior, Malgorzata Wozniak.
Ao mesmo tempo, as áreas rurais viram suas colheitas danificadas
e em áreas do sul do país mais da metade das plantações de tomate e
pepino foram destruídas, uma situação que já foi percebida nos
principais mercados do país, onde as hortaliças tiveram seu preço
elevado hoje. EFE