Washington, 13 ago (EFE).- A mudança de direção da General Motors
(GM) provocou o atraso da apresentação dos documentos necessários
para o esperado retorno da empresa à bolsa e cuja entrega à Comissão
da Bolsa de Valores dos Estados Unidos estava prevista para hoje.
Ontem, a empresa anunciou de forma inesperada que Ed Whitacre
deixará o posto de executivo-chefe no dia 1º de setembro e que no
final de ano também renunciará ao cargo de presidente do Conselho de
Administração.
Dan Akerson, executivo do mundo das telecomunicações e sócio do
poderoso grupo de investimentos Carlyle, ocupará os dois postos.
Hoje a Casa Branca fez elogios aos dois executivos.
Durante uma entrevista coletiva, o porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, disse que Akerson é um diretor respeitado, capaz de
continuar o trabalho de recuperação iniciado por Ed Whitacre.
Desde que começou na empresa em 10 de julho de 2009 com o apoio
do Governo americano, Whitacre diz que um de seus objetivos é que a
fabricante volte à bolsa o mais rápido possível.
A GM planeja voltar a cotar suas ações em bolsa após lucrar quase
US$ 2,2 bilhões durante o primeiro semestre de 2010. Os lucros do
segundo trimestre somaram US$ 1,33 bilhão.
A mudança na direção da GM está por trás do atraso na
apresentação perante a Comissão da Bolsa de Valores dos Estados
Unidos (SEC, na sigla em inglês) dos documentos necessários para que
o fabricante de automóveis volte a cotar suas ações.
A empresa retirou suas ações da bolsa em meados do ano passado
por conta da sua dramática situação econômica e se declarou em
quebra durante 40 dias.
Em julho de 2009, a GM retomou suas atividades após receber US$
60 bilhões das autoridades dos EUA e Canadá, o que transformou
Washington no acionista majoritário com 61% do capital.
A GM não fez comentários sobre o atraso, mas entregará os
documentos no início da semana que vem.
A SEC precisará de 60 a 90 dias para processar a solicitação.
Dessa forma, o símbolo da GM poderá estar outra vez em Wall Street
antes do final do ano, o que era desejado por Whitacre.
Whitacre espera que a volta da GM à bolsa seja a maior da
história do país. Analistas acreditam que o valor pode chegar a US$
16 bilhões, o que deixaria a empresa abaixo da administradora de
cartões de crédito Visa em 2008, quando conseguiu US$ 19,7 bilhões.
O senador republicano Charles Grassley solicitou que o
Departamento do Tesouro dos EUA explique quanto o Governo irá
recuperar com o retorno do fabricante à bolsa.
Grassley disse em carta enviada à Administração do presidente dos
EUA, Barack Obama, que quer ter certeza de que o Tesouro vai ter
retorno com a volta da GM à bolsa, "gerando o melhor resultado
possível para o contribuinte americano".
"No interesse da transparência e responsabilidade é essencial que
o contribuinte americano saiba se está obtendo um bom preço com o
retorno da GM à bolsa e qual será a possível perda financeira",
acrescentou Grassley.
Neste sentido, o porta-voz da Casa Branca disse que o Governo
americano está convencido que recuperará o dinheiro investido na GM,
mas que a Administração Obama não fará comentários sobre os planos
da empresa em retornar à bolsa.
O jornal "Detroit News" disse hoje que os documentos que a GM
apresentará detalham os riscos a investidores e quantas ações os
atuais acionistas planejam vender.
Os executivos protagonizarão durante as próximas semanas uma
campanha para promover a empresa entre possíveis acionistas.
O ministro das Finanças do Canadá, Jim Flaherty, acredita que as
ações da GM cotem no principal mercado do país, Toronto.
As autoridades canadenses contam com 12,5% do conjunto de
acionistas da GM, após injetar US$ 10 bilhões na empresa, que tem
várias linhas de montagem no país.
Flaherty disse que a presença da GM no mercado de Toronto é uma
"expectativa do povo canadense".
"Já que somos um dos maiores acionistas da companhia, me parece
razoável e apropriado que esteja na Bolsa de Toronto", afirmou. EFE