Sana, 23 set (EFE).- O presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, pediu nesta sexta-feira que as distintas forças políticas em conflito no país cessem a violência para facilitar a possibilidade de um acordo dialogado.
Em nota divulgada pela agência de notícias "Saba", o líder insistiu a forças políticas e militares que parem com o derramamento de sangue, em alusão aos enfrentamentos que aconteceram durante os últimos cinco dias.
Neste sentido, o líder afirmou que a solução para a crise que atinge o país há meses não está nas armas, mas no diálogo e na compreensão, e ressaltou que o objetivo é conseguir a estabilidade e a segurança nacional.
Nesta sexta-feira, Saleh retornou de forma inesperada da Arábia Saudita, país onde tinha sido levado em junho após ficar ferido durante um atentado contra o palácio presidencial da capital.
A imprensa árabe especula a possibilidade de um pronunciamento do líder ainda nesta sexta, quando poderia ceder ao poder seguindo a exigência da oposição, mas esta hipótese é desmentida por fontes oficiais.
Seu retorno coincide com uma nova onda de violência no país, que explodiu no início desta semana causando a morte de quase 20 pessoas, e com o fracasso da mediação na crise dos países do Golfo Pérsico.
Os enfrentamentos entre as tropas pró-governo e os partidários do líder tribal opositor Sadeq al Ahmar não acabaram. Desde a manhã se escutam disparos e explosões no bairro de Al Hasaba, na capital, mas por enquanto não há informações sobre vítimas.
Após a volta de Saleh, cerca de 100 mil opositores do regime fizeram uma manifestação na praça de Taguir e cantaram palavras de ordem como "Diga ao assassino que ele será julgado e Alá é testemunha".
Quase ao mesmo tempo, mais de 20 mil seguidores de Saleh se concentraram na praça dos 70, situada em outra área de Sana, para celebrar o retorno do líder. Eles seguravam imagens do presidente iemenita e do rei saudita, Abdullah bin Abdul Aziz.
Iêmen vive uma revolta popular com protestos massivos desde o dia 27 de janeiro para pedir a saída de Saleh. Nos últimos dias aconteceu um aumento da violência, sobretudo na capital.
Cerca de 100 pessoas morreram em Sana desde o domingo passado nos combates entre o Exército iemenita e militares desertores partidários da oposição, e nos enfrentamentos entre tribos rivais.
Saleh foi o primeiro presidente do Iêmen do Norte em 1978 e passou a ocupar a Presidência da República do Iêmen após a unificação entre o norte e o sul em 1990. EFE