Roma, 28 mar (EFE).- A Polícia Financeira italiana confiscou nesta quarta-feira as contas correntes e ações avaliadas em 1,1 bilhão de euros que o falecido ditador líbio Muammar Kadafi e sua família, assim como o ex-chefe dos Serviços Secretos, Abdullah Senussi, mantinham na Itália.
Como informou a imprensa italiana, a medida adotada pela Polícia Financeira ocorre depois de um pedido do Tribunal Penal Internacional de Haia.
Os bens estão nos nomes de dois fundos soberanos líbios, o Libyan Investment Authority (LIA) e o Libyan Arab Foreign Investment Company (LAFICO) e que pelas investigações da Polícia Financeira são atribuíveis a Kadafi e pessoas próximas a ele.
Dentre os bens confiscados figura a participação de 1,256% que a família Kadafi possuía no banco Unicredit, o maior da Itália, equivalente a 611 milhões de euros.
As autoridades italianas apreenderam sua cota de 0,58% no conjunto de acionistas da empresa de hidrocarbonetos Eni, no valor de 410 milhões de euros, 2% que tinham no grupo industrial italiano Finmeccanica, assim como sua participação nas sociedades do fabricante automobilístico Fiat.
Além de suas cotas no conjunto de acionistas de diferentes empresas italianas, a Polícia Financeira confiscou várias contas correntes, assim como 150 hectares em terrenos na ilha de Pantelária, no sudoeste da Sicília, um apartamento em Roma e duas motocicletas, uma delas uma Harley Davidson.
Os bens confiscados nesta quarta-feira já haviam sido congelados em março de 2011 pelas autoridades italianas, de acordo com as sanções econômicas contra o derrubado regime de Trípoli aprovadas pela União Europeia (UE) e as Nações Unidas, após o início do conflito no país.
O tenente-coronel da Polícia Financeira Gavino Putzu explicou em declarações ao canal de televisão a cabo "SkyTg24" que os bens confiscados poderão servir para ressarcir as vítimas do regime de Kadafi.
O coronel Muammar Kadafi morreu em 20 de outubro na cidade líbia de Sirte, após quase nove meses de conflito armado entre seu regime e as forças rebeldes.
Ele foi capturado após a queda do último foco de resistência em Sirte, a mesma cidade que o viu nascer, onde os últimos homens fiéis ao ditador lutaram por mais de um mês, depois de os rebeldes assumirem o controle de Trípoli no fim de agosto, de onde Kadafi se viu forçado a fugir. EFE