SÃO PAULO (Reuters) - A entrada de novos trabalhos teve em agosto o ritmo mais forte em três meses e a indústria do Brasil voltou a crescer, porém as preocupações com a situação política limitaram o otimismo no setor, mostrou a pesquisa Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta sexta-feira.
O PMI do setor apurado pelo IHS Markit subiu a 50,9 no mês passado, depois de ter ficado em 50,0 em julho, nível indicativo de ausência de mudanças no setor e que separa contração de expansão.
O resultado refletiu principalmente o crescimento nos volumes de novos pedidos, diante do fortalecimento da demanda, o que levou a uma produção maior.
A demanda externa também teve destaque no resultado, uma vez que o número de pedidos do exterior cresceu em agosto no ritmo mais rápido desde abril de 2016, com os entrevistados citando a moeda relativamente fraca como fator. A Argentina foi citada como fonte importante de negócios.
As indústrias, entretanto, enfrentaram preços mais elevados de energia, combustíveis e metais, além de tributação mais alta, e com isso os custos de insumo atingiram o patamar mais alto em cinco meses.
Com isso os preços de venda voltaram a aumentar em agosto após apresentarem queda no mês anterior, com alguns entrevistados citando tentativas de proteção das margens de lucro.
Embora a produção tenha aumentado, os empresários do setor continuaram cortando funcionários, chegando a 30 meses de perdas de posições na indústria.
O PMI de agosto mostrou ainda que o otimismo da indústria perdeu força, chegando ao nível mais baixo em 16 meses, embora ainda haja expectativa de investimentos e planos de expansão de negócios.
O que afeta a confiança do empresário da indústria são as preocupações com a situação política no país e com as eleições presidenciais de 2018, de acordo com o IHS Markit.
(Por Camila Moreira)