Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As importações de derivados de petróleo pelo Brasil em outubro subiram 60 por cento ante o mesmo mês do ano passado e cresceram 21 por cento em relação a setembro, evidenciando que o produto importado continua ganhando mercado da Petrobras (SA:PETR4), que detém quase 100 por cento da capacidade de refino do Brasil.
A direção da Petrobras admitiu, durante comentários sobre o desempenho no terceiro trimestre, que estava perdendo mercado para concorrentes, que têm elevado compras externas para suprir a demanda doméstica. Isso ocorre enquanto a Petrobras tenta calibrar seus reajustes de preços, que ocorrem quase que diariamente.
O volume total de derivados importado em outubro somou aproximadamente 21,438 milhões de barris, ante 13,386 milhões de barris um ano antes e 17,656 milhões de barris em setembro, publicou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta quinta-feira.
No acumulado do ano, as importações totais de derivados do petróleo pelo Brasil cresceram 25 por cento para 193 milhões de barris, próximo de um recorde anual registrado em 2014, quando as compras externas do país, no acumulado do ano inteiro, somaram 196,735 milhões de barris, em meio a uma forte demanda.
No entanto, o crescimento expressivo das importações em 2017 acontece apesar das vendas totais de combustíveis no acumulado do ano até outubro no país terem aumentado apenas 0,2 por cento, segundo a ANP.
As importações têm crescido enquanto a produção de derivados no Brasil atingiu, no acumulado de janeiro a outubro, seu menor volume desde 2010.
O impulso das compras acontece em meio ao aumento de importações de concorrentes da Petrobras, que vêm ganhando participação de mercado desde que a petroleira estatal adotou uma política de preços que segue a lógica do mercado, em busca de resultados favoráveis para a sua área de abastecimento.
As importações de óleo diesel, combustível mais consumido do Brasil, mais que dobraram em outubro, para 8,463 milhões de barris, ante 4,145 milhões de barris no mesmo mês de 2016. Ante setembro, as importações cresceram 36 por cento.
De janeiro a outubro, as compras de diesel no exterior avançaram 61,3 por cento para 65,559 milhões de barris.
Já as importações de gasolina em outubro cresceram 65 por cento em relação ao mesmo mês do ano passado, para 2,010 milhões de barris. Em relação a setembro, as importações cresceram 35 por cento.
No acumulado do ano, as importações de gasolina do Brasil cresceram 56,1 por cento.
REFINO EM QUEDA
Nos dez primeiros meses do ano, a produção de derivados do petróleo pelo Brasil acumula queda de 5,8 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 555,932 milhões de barris, o menor valor desde 2010, quando o país somou 551,199 milhões de barris no mesmo período.
A queda é principalmente puxada pela produção de óleo diesel no país, que caiu 12,8 por cento no acumulado do ano, para 213,247 milhões de barris, o menor volume para o período desde 2007.
Já a produção de gasolina no Brasil cresceu 0,2 por cento entre janeiro e outubro, segundo a ANP.
A ANP não deu explicações sobre a queda no refino.
(Por Marta Nogueira)