La Paz, 7 dez (EFE).- O Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE) afirmou nesta sexta-feira que espera que a entrada da Bolívia no Mercosul como membro pleno não seja "uma camisa de força" que deixe o país sem margem de manobra comercial com outras regiões.
A Bolívia assinou hoje o protocolo de adesão ao bloco integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai - este último suspenso -, um passo que "não acarretará novas possibilidades de comércio", afirmou à Agência Efe o gerente do IBCE, Gary Rodríguez.
"Que não seja uma camisa de força para a Bolívia, de modo que não possa negociar um acordo de associação com a União Europeia, um acordo comercial de longo alcance com os Estados Unidos ou um convênio comercial com qualquer país asiático", declarou o analista.
Também pediu que o ingresso no bloco não afete às vendas da Bolívia na Comunidade Andina (CAN), da qual agora é membro pleno, e que também não se imponha uma alta de tarifas para favorecer à produção do Mercosul "em demérito das taxas de Ásia, EUA e Europa".
Rodríguez se referiu ao "caráter protecionista de um bloco (Mercosul) do qual a Bolívia é vítima" e lembrou que o Governo boliviano garantiu na semana passada aos produtores que nenhum dos temores antes mencionados se materializaria.
Outra questão importante para o Instituto de Comércio Exterior é "a suspensão das barreiras para-tarifárias e não tarifárias que hoje limitam fortemente o acesso de produtos manufaturados da Bolívia, principalmente aos mercados de Brasil e Argentina".
Segundo o especialista, embora o livre acesso dos produtos bolivianos ao bloco esteja teoricamente garantido, mercadorias com valor agregado como têxteis, remédios e produtos de alta tecnologia "encontram sistematicamente obstáculos alfandegários, financeiros, burocráticos e legais que impossibilitam suas exportações".
Enquanto com os países da CAN, a Bolívia tem uma relação de complementaridade em relação às exportações, os do Mercosul são fortes concorrentes e contam com tecnologia de ponta à qual os bolivianos não têm acesso, ressaltou Rodríguez.
O presidente da Associação Nacional de Produtores de Oleaginosas, Demetrio Pérez, também manifestou à Efe as reservas de seu setor com a entrada no Mercosul, já que seu principal mercado sempre foi historicamente a CAN.
"Se ingressamos no Mercosul, obviamente o produto mais sensível seria a soja e seus derivados", considerou, reivindicando que o Governo leve em conta os setores quando negociar as preferências tarifárias.
Pérez argumentou que a Bolívia é o único país da CAN que produz soja, enquanto no Mercosul são vários os que contam com este cultivo, entre eles Brasil, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que aplicam tecnologias que neste país "não estão sequer aprovadas". EFE