Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Oficializado candidato a presidente da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin defendeu neste sábado a aliança partidária que fez para realizar as reformas que o Brasil precisa e disse que promete mudar o país sem bravatas.
“Aceito ser candidato pelo PSDB e pelos demais partidos que aqui nos apoiam nessa ampla aliança dos que acreditam no caminho do desenvolvimento e não na rota da perdição do radicalismo”, disse Alckmin, em convenção partidária do PSDB realizada em Brasília.
A chapa do presidenciável é a que terá o maior arco de partidos, nove, ao todo, incluindo o PSDB, partido do candidato, os cinco do chamado blocão –-o PP da vice, senadora Ana Amélia, mais PR, PRB, DEM e Solidariedade-- além de PPS, PSD e PTB. Dois desses partidos, o PPS e o PR, também realizaram convenções neste sábado para oficilizar o apoio ao tucano.
Essa coligação vai garantir à chapa o maior tempo de rádio e TV durante a campanha eleitoral, uma das principais apostas do tucano para chegar ao segundo turno. Na pesquisa CNI/Ibope de junho, Alckmin tinha apenas 6 por cento das intenções de voto no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O tucano destacou em várias ocasiões de seu discurso o apoio dos partidos à sua candidatura e disse que um “governo de qualidade” requer alianças. “Vamos mudar o Brasil, não com conversa fiada, bravatas, bazófias e desarmonia entre os Poderes”, disse.
O tucano afirmou que é candidato para devolver aos brasileiros a dignidade que lhes foi roubada. Assim como o vídeo de “apresentação” do candidato e os discursos de aliados, ele fez questão de ressaltar ter experiência política e administrativa para fazer as mudanças necessárias.
“Aqueles que dizem que vão fazer reformas sem apoio dos partidos mentem ao povo e mentira tem perna curta”, disse ele, frisando que o momento atual é “grave”, mas que um futuro de prosperidade está aberto aos brasileiros.
FOCO NO PT
O tucano criticou a gestão petista, a quem disse ter deixado uma herança de “bravatas” e “radicalismo” que deixou atualmente 13 milhões de desempregados. Ele lembrou que o 13, simbolicamente é o número do PT.
“Vamos mudar o Brasil para que o trabalho volte para milhões de pessoas que perderam (empregos) e que isso seja para todos a fonte de realização e dignidade e não de sacrifício e humilhação”, destacou.
Alckmin afirmou que a América Latina ainda hoje vê regimes de autoridades que dão “murro na mesa” e que acham que podem governar sozinho. Para ele, gente assim quer a ditadura e é preciso parar de jogar “brasileiros contra brasileiros”.
REFORMA DO ESTADO
O tucano defendeu a reforma do Estado para acabar com a ineficiência que “sufoca a capacidade do brasileiro de empreender”. Para ele, o Estado precisa servir ao cidadão.
O candidato exaltou a escolha de Ana Amélia como colega de chapa, a quem chamou de “vice dos sonhos” e a chamou de “verdadeiro novo”, numa cutucada indireta ao adversário deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL ao Palácio do Planalto.
“Ela fez muito mais do que muitos que há décadas fingem não ser políticos”, disse Alckmin. Bolsonaro tem se colocado como um neófito na política --embora esteja em seu sétimo mandato de deputado federal é a primeira vez que concorre ao Palácio do Planalto.
O evento contou com a presença de lideranças de todos os partidos aliados e também de vários caciques políticos do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O tucano recebeu 288 votos na convenção --houve um voto não e uma abstenção. Embora não tenha feito um discurso empolgante, ele foi aclamado no evento ao som do jingle de campanha “Geraldo, eu vou!”.