Por Tom Perry e Oliver Holmes
BEIRUTE (Reuters) - O ex-primeiro-ministro libanês Saad al-Hariri voltou para casa nesta sexta-feira pela primeira vez em três anos, uma visita encarada como reafirmação de sua liderança moderada sobre a comunidade sunita, após uma incursão mortífera de militantes islâmicos.
Hariri, político sunita mais influente do Líbano, deixou o país em 2011, depois que seu governo foi deposto por uma coalizão que incluiu o Hezbollah, grupo xiita apoiado pelo Irã, dividindo seu tempo entre a França e a Arábia Saudita, cuja monarquia o apoia.
Sem anúncio prévio, Hariri chegou à sede do governo libanês em Beirute em um carro da Mercedes com os vidros escurecidos. Ele entrou no edifício exibindo um amplo sorriso e se encontrou com o premiê Tammam Salam.
"Voltei a Beirute hoje depois de uma ausência de três anos e quatro meses. Foi a punição mais severa da minha vida, e meu retorno é minha recompensa mais importante", declarou ele em comentários a membros de seu Movimento Futuro publicados por sua assessoria de imprensa.
Políticos e figuras públicas expressaram a esperança de que sua volta ajude a estabilizar o Líbano, assolado pela violência e preso em um impasse político. A divisão entre os políticos os impediu de eleger um novo presidente mesmo depois de várias tentativas.
Hariri anunciou esta semana que os sauditas irão doar 1 bilhão de dólares em ajuda militar às forças de segurança libanesas para ajudá-las na luta contra os extremistas islâmicos.
Nos primeiros comentários detalhados desde sua chegada, ele creditou à doação saudita a possibilidade de seu retorno, dizendo que ela "abriu o caminho para a volta ao meu amado país".
Hariri se reuniu com o ministro do Interior, Nohad Machnouk, e ainda com o embaixador dos Estados Unidos, David Hale. Houve um coro de apoio de outras figuras proeminentes, como o patriarca cristão maronita, Beshara al-Rai, e o presidente xiita do parlamento, Nabih Berri.
A visita de Hariri ocorreu na esteira de uma incursão mortífera de militantes sunitas, que cruzaram da Síria no sábado passado e tomaram a cidade sunita de Arsal, no nordeste libanês, onde dezenas de milhares de refugiados sírios se abrigaram. Os atiradores se retiraram na quarta-feira, depois de cinco dias de combates com o Exército.
(Reportagem adicional de Alexander Dziadosz)