Londres, 24 fev (EFE).- O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, criticou duramente o processo de extradição europeu e disse que sempre soube que seus advogados teriam que apelar, depois que um juiz britânico determinou nesta quinta-feira sua extradição à Suécia.
Em um comparecimento diante da imprensa após saber da decisão de um juiz do Belmarsh Magistrate Court (sul de Londres), Assange criticou duramente o funcionamento das extradições europeias.
"Durante todo este processo não se obteve solidez nas acusações formuladas contra mim. E sempre soubemos que teríamos que recorrer", disse o australiano, de 39 anos.
Acusado pela Procuradoria sueca de agressão sexual e estupro após a denúncia de duas mulheres, Assange afirmou que é necessário submeter o sistema de justiça dos países-membros da União Europeia (UE) a um rigoroso exame.
"O melhor que pode ser feito para isso é analisar as normas capazes de garantir um julgamento justo", acrescentou.
"Tirar uma pessoa do Reino Unido, local de sua língua materna, de entre seus familiares, e levá-la a um lugar cujo idioma ela não entende é um assunto muito grave, que merece muito mais que um formulário de duas páginas", declarou o australiano.
Em contraste com essas duras críticas, o juiz britânico justificou sua decisão de entregá-lo à Suécia com o argumento de que não existem motivos para pensar que Assange não vá ser submetido a um julgamento justo na Suécia ou para temer que vão levá-lo depois aos EUA para ser processado pelo vazamento de milhares de documentos secretos pelo WikiLeaks.
Na última audiência do processo judicial, realizada há duas semanas, a defesa de Assange argumentou que uma extradição significaria que o fundador do WikiLeaks seria submetido a um julgamento sem testemunhas, como estabelece a lei sueca para crimes sexuais.
Também afirmou que, se seu cliente fosse extraditado à Suécia, poderia terminar sendo entregue aos EUA, onde poderia inclusive ser executado.
A defesa de Assange tem agora um prazo de sete dias para recorrer da decisão do juiz no Alto Tribunal de Londres, o primeiro de vários passos aos quais tem direito para tentar evitar a extradição.
Assange foi detido em Londres em 7 de dezembro, depois que recebeu ordem de extradição da Procuradoria sueca. EFE