Copenhague, 12 dez (EFE).- O aumento de 2° C, até 2100, na
temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais é uma
ameaça "vital" para alguns países, disse hoje o presidente do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, o
indiano Rajendra Pachauri.
"O limite de temperatura imposto como meta depende da parte do
mundo para a qual olhamos. Se for de 2° C, o nível do mar pode subir
até um metro, o que ameaçaria a vida em alguns países", disse
Pachauri em entrevista coletiva.
O especialista destacou que a ciência é clara sobre as possíveis
consequências do aumento da temperatura, seja este de 1° C, 1,5° C
ou 5° C.
O indiano também lembrou aos negociadores da cúpula sobre a
mudança climática que a decisão sobre o limite a ser fixado em
relação à elevação da temperatura cabe a eles e terá de ser tomada
por eles.
A primeira minuta do acordo sobre o tema, distribuída ontem às
delegações, diz que os negociadores devem trabalhar para que a
temperatura suba, no máximo, de 1,5° C a 2° C.
Caso se opte pelo teto de 2° C, isto exigirá ações imediatas e
outras a longo prazo, reiterou Pachauri, segundo quem os custos das
medidas para conter a mudança climática são "muito mais baixos" que
outras alternativas e oferecem "benefícios enormes".
Com investimentos adequados no combate às alterações do clima e
na adaptação dos países, boa parte dos possíveis impactos da mudança
climática apontados no último relatório do IPCC passa a ser
"evitável", afirmou Chris Field, copresidente do segundo grupo de
trabalho do Painel Intergovernamental.
Pachauri negou que as negociações de Copenhague tenham sido
afetadas pelo "Climagate", o escândalo gerado por um roubo de
e-mails de uma instituição científica da Universidade de East Anglia
(Reino Unido), os quais revelariam um exagero em relação às
consequências da mudança climática.
"Falei com os negociadores e não acho que tenham sido distraídos
por este caso, que não tem nenhum impacto sobre o relatório nem
sobre sua solidez científica. A credibilidade do IPCC não está em
questão", ressaltou. EFE