Londres, 11 nov (EFE).- O Banco (Central) da Inglaterra, além de
alertar para a fragilidade da recuperação econômica, disse hoje que
a inflação no Reino Unido se manterá abaixo de 2% pelos próximos
dois anos, podendo atingir um pico de 3% no começo de 2010.
Em seu relatório trimestral, a entidade informou que, a julgar
pelas previsões sobre as taxas de juros e levando em conta os 200
bilhões de libras (221,6 bilhões de euros) injetados na economia, a
tendência da inflação é manter-se abaixo da meta oficial de 2%.
No entanto, estima-se que, no começo do ano que vem, os preços
subirão até 3%, "muito acima" do previsto, devido ao aumento do
Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), cuja cobrança este ano foi
suspensa para estimular a economia.
O presidente do banco emissor, Mervyn King, ressaltou hoje que a
economia britânica "mal começou" seu processo de recuperação. Ele
também previu que "o crédito bancário se manterá fraco pelos
próximos três anos".
Segundo King, não será possível reparar o dano provocado pela
recessão "em poucos trimestres", sobretudo depois de um ano
"extremamente doloroso" para a maioria das economias do mundo.
As previsões pessimistas do diretor sugerem que, apesar de a
evolução da inflação continuar "incerta", os juros permanecerão
baixos por algum tempo, no patamar histórico de 0,5%.
King, que já criticou a estratégia do Governo para acabar com a
recessão, afirmou que o grande déficit do Estado é um lastro a longo
prazo para as finanças públicas. Essa dívida, acrescentou, vai
persistir se não houver "uma consolidação fiscal significativa".
"Reduzir o déficit é parte do reequilíbrio necessário da economia
do Reino Unido", ressaltou.
Sobre a inesperada queda de 0,4% na produção industrial britânica
entre julho e setembro, King destacou que o indicador ficará sem
retornar aos níveis de antes da crise "por um período de tempo
considerável".
O diretor adiantou que o Banco da Inglaterra continuará disposto
a injetar mais dinheiro na economia por meio da compra de bônus
públicos e privados. EFE