Pequim, 17 mar (EFE).- O Banco Mundial (BM) afirmou hoje que o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China ficará por volta
de 9,5% 2010, acima dos 8% fixados como objetivo pelo Governo de
Pequim.
Além disso, o BM estimou que não espera um aumento excessivo da
inflação (entre 3,5 e 4%), mas um descenso dos investimentos
estatais na economia chinesa e uma recuperação contínua das
exportações, após a queda de 2009.
Os dados estão no relatório do BM sobre a China, apresentado hoje
em Pequim pelo economista Louis Kuijs, autor do trabalho.
De acordo com o economista, vai haver uma mudança na estrutura do
crescimento da terceira economia mundial, com maior participação do
setor imobiliário no PIB e menor intervenção governamental.
Em seu relatório, o Banco Mundial se une às vozes que, sobretudo
nos Estados Unidos, pedem que a China flexibilize a taxa de câmbio
do iuane com relação ao dólar, que está praticamente fixa desde o
início da crise financeira.
"A política monetária tem um papel fundamental na contenção dos
riscos da inflação" e outros que a economia chinesa enfrenta, "e
mais flexibilidade na taxa de câmbio ajudaria a esse respeito",
destacou Kuijs no relatório.
A bolha imobiliária, com altas de preços de até 30% nos imóveis
das grandes cidades chinesas, e o endividamento de muitos Governos
locais do país (que recorrem justamente a projetos imobiliários para
se financiarem) são, segundo o BM, os dois principais focos de risco
para a economia chinesa, "embora as incertezas sejam menores que em
2009", ressaltou.
O PIB da China cresceu 8,7 % em 2009, apesar do desastre que a
crise financeira global causou nas exportações (motor do crescimento
chinês durante décadas), graças a um plano de estímulo estatal de
meio trilhão de dólares para alavancar o consumo interno.
Em 2010, as medidas de estímulo diminuirão, para evitar o
reaquecimento de certos setores, o que segundo o BM terá como
resultado um retorno do papel importante das exportações na economia
chinesa.
No entanto, a instituição internacional acredita que já existem
as bases para que o modelo econômico chinês mude, e o país, em médio
prazo, olhe mais para seu mercado interno e menos para o exterior.
EFE