Nova York, 21 jan (EFE).- A rodada de difusão de resultados dos bancos dos EUA, que terminou nesta sexta-feira com o Bank of America, evidenciou uma lenta recuperação da crise das hipotecas, apesar do progressivo saneamento de suas contas, o que decepcionou os que previam uma sólida recuperação do setor.
Desde o cataclismo que significou a quebra do Lehman Brothers e após a injeção de bilhões de dólares, os bancos americanos realizaram um grande esforço para eliminar de suas contas o buraco negro em que as hipotecas se transformaram.
Mais de dois anos depois, os analistas esperavam que a recuperação econômica permitiria retomar o crescimento, mas os dados divulgados nestes dias mostram que o pesadelo das hipotecas ainda está presente.
O Bank of America é a entidade que mais decepcionou nesse sentido. O maior banco por ativos do país mostrou nesta sexta-feira que segue lidando com problemas derivados dos empréstimos, em parte herdados com a polêmica compra do Countrywide após o colapso do Lehman.
Este banco, que em 2009 teve US$ 6,276 bilhões de lucro, em 2010 precisou amortizar e pagar números milionários para compensar perdas e liquidar problemas judiciais relacionados com hipotecas.
Tudo isso levou a entidade financeira a perder US$ 3,595 bilhões.
No quarto trimestre a perda foi de US$ 1,244 bilhão, as receitas caíram 11%, US$ 2 bilhões foram amortizados para refletir a perda de valor do Countrywide e US$ 4,1 bilhões usados para recomprar hipotecas.
Como este, outros bancos americanos também lutam para deixar para trás o pesadelo das hipotecas - que gerou a crise financeira de 2008.
O Citigroup revelou, na terça-feira, que pela primeira vez desde 2007 fechou um ano com lucro e que no quarto trimestre de 2010 ganhou US$ 1,309 bilhão, frente à perda de US$ 7,579 bilhões do ano anterior.
O ano de "2010 foi crítico para a instituição", indicou Vikram Pandit, principal responsável da entidade, que decepcionou ao reconhecer uma queda da receita de 5% em 2010 e de 11% no quarto trimestre.
Pandit também disse que o entorno econômico ainda é incerto e anunciou uma reserva de US$ 4,8 bilhões em provisões para perdas relacionadas com a falta de pagamento de créditos.
Por sua parte, o Goldman Sachs viu seu lucro cair em 38% em 2010 e em 52% no quarto trimestre, em parte devido também a custos relacionados com problemas de hipotecas, mas também pela queda de suas receitas (-13% no ano e -10% no trimestre).
Algo parecido ocorre com o Wells Fargo, que em 2010 teve um ganho recorde de US$ 12,360 bilhões e no quarto trimestre também registrou um valor histórico, embora suas receitas tenham descido 4% e 5,3%, respectivamente. EFE