Londres, 22 fev (EFE).- A crescente tensão política na Líbia e o temor dos investidores perante uma suposta propagação da crise a outros produtores de petróleo da região disparou de novo o preço do Brent, que subiu nesta terça-feira em 2,7% no mercado de futuros de Londres até ultrapassar US$ 108 o barril.
Por sua vez, a situação de instabilidade provocou o retrocesso da Bolsa de Valores ao fim da sessão desta terça-feira, que fechou marcada pelo nervosismo dos investidores sobre a atual conjuntura política líbia, segundo os analistas.
O barril do Brent para entrega em abril chegou a cotar ao longo do dia no Intercontinental Exchange Futures (ICE) US$ 108,57 antes de retroceder e negociar-se em torno dos US$ 106.
O preço do petróleo, de referência na Europa, atingiu na segunda-feira seu nível mais alto em dois anos e meio, perante a inquietação dos investidores que a incerteza política na Líbia e em outros países vizinhos possa afetar a provisão de petróleo.
Os analistas chegam a temer, inclusive, uma possível "guerra civil" que ocasione a perda do petróleo líbio e que eleve seus preços até 10%.
Os investidores têm medo que empresas petrolíferas estrangeiras deixem a região, o que repercutiria nas exportações de petróleo da Líbia, de mais de um milhão de barris por dia.
As revoltas no país reduziram em mais de 8% as exportações de petróleo da Líbia, cuja produção diária é de 1,6 milhões de barris de petróleo.
Assim, a hispano-argentina Repsol YPF informou nesta terça-feira que suspendeu suas operações na Líbia "perante a situação de violência e incerteza" no país.
Um porta-voz da empresa disse que a empresa está trabalhando para garantir a segurança de seus trabalhadores no país norte-africano.
Na Líbia, onde está presente desde a década dos anos 1970, a petrolífera conta com direitos de exploração sobre nove blocos, oito de prospecção e um de produção, que somam uma superfície de 20.709 quilômetros quadrados.
O líder líbio, Muammar Kadafi, assegurou nesta terça-feira em discurso na televisão estatal perante grande expectativa que não abandonará o poder, enquanto os ataques contra os manifestantes prosseguiram pelo segundo dia consecutivo.
Kadafi disse que a renúncia não figura entre suas opções e que está "disposto a morrer como um mártir na Líbia", além de ter acusado "os países árabes e estrangeiros" de tentar desestabilizar o país.
Desde o fim de janeiro, a revalorização do petróleo foi de 9%.
Antes que explodisse a crise no Egito e Tunísia, em janeiro, o Brent cotava em Londres abaixo dos US$ 97. EFE