Roma, 21 mai (EFE).- O primeiro-ministro da Itália, Silvio
Berlusconi, afirmou hoje que a Europa tem consciência de que viveu
os últimos anos "acima de suas possibilidades" e que, por isso,
apoia a linha de redução do déficit público defendida pelas
autoridades da União Europeia (UE).
Berlusconi deu uma entrevista coletiva em Roma junto ao
presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, com quem
manteve uma reunião "em total sintonia", segundo ele, sobre a crise
econômica na Grécia e as repercussões no restante dos países
europeus e da zona do euro.
Entre os Governos europeus "existe a plena consciência de que
viveram acima das próprias possibilidades", disse Berlusconi.
"Todos os países da Europa têm dívidas grandes e, em vez de
fechar os orçamentos com uma margem que permitisse uma gradual
redução da dívida, sempre os fecharam com uma margem de déficit para
mais, o que aumentou a dívida", acrescentou.
O primeiro-ministro da Itália disse que o objetivo da zona do
euro é a "defesa comum" da moeda única, o que requer uma coordenação
de todas as políticas econômicas, "todas dirigidas para a redução
das despesas e dos gastos públicos".
Por sua parte, Barroso, que agradeceu a Itália por sua
contribuição com a resposta comum da Europa contra os especuladores,
assegurou que este é o momento em que a UE pode dar um passo adiante
em sua união, tirando lições da crise.
"Houve ações contra a dívida soberana de alguns Estados da zona
do euro. E na Europa temos que nos preparar para defender-nos,
mostrando solidariedade, não só com a Grécia, mas também com os
demais países, para conseguir a estabilidade de toda a zona", disse
o presidente da Comissão Europeia.
"Não podemos ter uma união monetária sem uma unidade econômica.
Devemos pôr em prática o pacto de estabilidade e de crescimento e
políticas alinhadas com nossa participação na liderança mundial",
acrescentou.
Segundo Barroso, os especuladores não fizeram outra coisa nas
últimas semanas além de aproveitar a "onda do excesso de dívida" de
alguns países europeus, por isso é imprescindível impedir esses
ataques reduzindo o déficit público.
O presidente da comissão expressou, além disso, seu desejo de que
a Europa possa continuar sendo um dos líderes do Grupo dos Vinte
(G20, países mais industrializados e os principais emergentes),
liderando as reformas dos mercados financeiros "de maneira
aceitável". EFE