Arantxa Iñiguez.
Frankfurt, 5 set (EFE).- As bolsas europeias caíram cerca de 5% nesta segunda-feira devido ao pânico de uma nova recessão global causada pelo enfraquecimento econômico e pela crise de endividamento, que obriga os governos a economizar e os deixa sem margem de manobra.
Frankfurt teve 5,8% de queda, Milão perdeu 4,83%, Paris caiu 4,73%, em Madri a queda foi de 4,69%, e em Londres, de 3,58%. O Euro-Stoxx 50, índice das principais empresas da zona do euro caiu 5,1% e acumula queda anual de 24,5%.
Os títulos que tiveram mais perdas foram os financeiros (bancos e seguradoras) e os cíclicos, que pertencem a empresas mais sensíveis à conjuntura econômica e que sofrem quedas em períodos recessivos, como títulos industriais, químicos, automobilísticos e de matérias-primas.
O DAX 30 de Frankfurt é o índice europeu com mais títulos industriais e químicos.
Além disso, a derrota eleitoral do partido democrata-cristão, da chanceler alemã Angela Merkel, trouxe o temor de enfraquecimento no apoio aos países europeus que atravessam dificuldades de financiamento.
Junto a este cenário, o índice Nikkei de Tóquio terminou com queda de 1,86%, em meio à depreciação do euro frente ao iene. Alguns operadores falaram de sinais de pânico e retirada de capital da Europa.
Neste ano, Frankfurt caiu 24,1%, Londres perdeu outros 13,5%, Madri teve queda de 18,2% e Milão perdeu 28,9%.
Novamente são observadas tensões no mercado financeiro, com os bancos comerciais realizando empréstimos de curto prazo entre si, já que preferem depositar dinheiro no Banco Central Europeu (BCE), apesar da remuneração ser menor, 0,75%. Os bancos comerciais da zona do euro depositaram 150 milhões de euros na facilidade do BCE.
A rentabilidade do "Bund" (bônus alemão para dez anos), considerado um ativo muito seguro, caiu na última sexta-feira pela primeira vez abaixo dos 2%, e nesta segunda desceu ainda mais, até 1,84%, enquanto subiram as gratificações de risco da dívida espanhola e italiana até 341 e 372 pontos, respectivamente.
Além disso, a alta do preço do ouro - recorde de US$ 1.895 a onça - superou a da platina, o que para alguns analistas é um sinal de uma situação de crise, como a vivida após a quebra do banco de investimento americano Lehman Brothers, em 2008.
Ao medo de uma recessão se somam os processos do governo americano contra vários bancos europeus, entre eles o Deutsche Bank. As ações do banco alemão caíram hoje 8,9%, os títulos do francês Société Générale recuaram 8,6%, os do holandês ING sofreram queda de 8,5%, e os papéis do italiano Unicredit desceram 7,3%.
A analista de renda variável Commerzbank Petra Gräfin von Kerssenbrock disse à Agência Efe que existem diferenças fundamentais entre a fase atual e a situação após a quebra do Lehman Brothers, já que há muita liquidez no mercado pelas injeções dos bancos centrais. Atualmente, as empresas não estão tão endividadas e a situação dos bancos é melhor.
Kerssenbrock acrescentou que o debate sobre a capacidade da Itália de reduzir seu endividamento se intensificou no mercado. EFE