Teresa Bouza.
Washington, 6 mai (EFE).- A empresa British Petroleum (BP)
iniciou hoje os preparativos para a instalação de uma enorme caixa
de aço e cimento sobre os pontos de vazamento da plataforma que
despeja quase 800 mil litros diários de petróleo no golfo do México.
A caixa tem um encanamento na parte superior por meio do qual o
petróleo seria bombeado para uma embarcação na superfície, a qual
teria capacidade de acumular até 128 mil barris de petróleo (20,4
milhões de litros).
Caso o sistema funcione, a caixa poderia recolher até 85% do
combustível que vazou, segundo a BP.
A caixa de pouco mais de 12 metros de altura será instalada a
1.500 metros de profundidade com a ajuda de um guindaste e um robô
submarino dirigido por controle remoto.
A estrutura chegou hoje à região após uma lenta travessia que
começou na noite passada no litoral do estado americano da Louisiana
e terminou nesta manhã a 80 quilômetros em alto-mar, no local onde
estava a plataforma operada pela BP que afundou em 22 de abril, dois
dias depois da explosão que vitimou 11 pessoas.
A BP, que anunciou nesta semana que assumirá a milionária fatura
da limpeza do vazamento, sustenta que a caixa é a melhor alternativa
no curto prazo para frear o vazamento.
Imagens de satélite registradas hoje mostram como a mancha, cuja
superfície já tem quase a mesma área que a ilha de Porto Rico, está
ficando com tons ferruginosos ao se misturar com as águas do golfo
do México.
No entanto, o sucesso da operação está longe de ser garantido, já
que é a primeira vez em que uma caixa do gênero enfrentará grande
pressão.
"Não sabemos com certeza se o equipamento funcionará", reconheceu
na terça-feira Bill Salvin, porta-voz da BP.
A diretora do serviço de guarda costeira dos Estados Unidos,
contra-almirante Mary Landry, tentou diminuir as expectativas hoje
ao apontar que, embora todos esperem que a caixa funcione, "é
preciso lembrar que o sistema é o primeiro deste tipo a ser usado a
1.500 metros de profundidade".
Os trabalhos para a instalação da estrutura criada pelos
engenheiros da BP fazem parte de um amplo esquema iniciado para
controlar o vazamento.
A secretária de Segurança Nacional dos EUA, Janet Napolitano,
lembrou hoje em entrevista coletiva que há mais de dez mil pessoas
trabalhando na região do golfo do México para proteger a costa e a
vida selvagem.
Ao mesmo tempo, 270 embarcações trabalham no local na mancha para
controlar o vazamento, extrair petróleo da superfície marinha e
realizar queimas controladas.
"Isso vai além das dúzias de aviões, veículos operados de forma
remota e várias plataformas móveis de perfuração em alto-mar",
listou Napolitano, em referência ao equipamento instalado para abrir
um poço adicional, interceptar e fechar de forma definitiva o poço
agora aberto.
A titular de Segurança Nacional americana informou que quase
quatro milhões de litros de água impregnada de petróleo foram
recuperados e que mais de 900 mil litros de produtos químicos foram
usados para dissolver o petróleo à medida que sai do poço e impedir
que chegue à superfície.
O Governo dos EUA aprovou também o deslocamento de 17.500 membros
da Guarda Nacional para os estados da Louisiana, Alabama, Mississipi
e Flórida, os estados ameaçados pelo vazamento.
O suboficial da Guarda Costeira Erik Swanson informou hoje que
uma equipe de resposta rápida se dirigiu às ilhas Chandeleur,
próximas à costa da Louisiana, para inspecionar os rastros de
petróleo detectados na área.
As ilhas fazem parte de um refúgio nacional e são um local de
reprodução das aves aquáticas da região. EFE